Livro 4, Parte II
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Há sete chaves para a grande porta,
Uma em oito, uma que oito em si comporta.
Primeiro, que o teu corpo esteja quieto,
Pela vontade tua feito ereto,
Rígido: assim tu podes abortar
Dos fetos-pensamentos o tear.
Segundo, seja fundo o teu alento,
Seja ele fácil regular e lento:
Assim teu ser compassa, no seu plano,
O majestoso ritmo do oceano.
Depois, seja tua vida pura e calma,
Como num dia quieto oscila a palma.
Quarto, que teu querer busque no mundo
Apenas o que é simples e é profundo.
Quinto, o pensar, divinamente livre
Dos sentidos, se observe enquanto vive.
Vigia cada broto-pensamento:
Hora após hora fica mais atento!
Intenso, introspectivo, pronto, agudo,
Não percas um só dele: nota tudo!
Sexto, tendo um de todos escolhido,
Concentra nele apenas teu sentido.
Como uma flama quieta ereta lavra,
Queima teu ser nessa única palavra!
Depois, aquieta esse êxtase: teu norte,
Tornar teu meditar profundo e forte,
Matando mesmo Deus, caso Ele venha
Tentar tua atenção que assim se empenha!
Por fim, tudo isso estando unido, cresce
A flor da meia-noite e em ti floresce.
A unidade é. Mas mesmo nisto,
Meu filho, não serás por mim malvisto
Se essa expressão sufocas: se num triz
Tua atenção remetes à raiz
Desse êxtase; se deixas mesmo a fama,
A cor, a vida, a glória, o ardor: reclama
A escura causa; ignora a luz do efeito!
Tu és o Mestre. Deixo-te. Respeito
Tua radiância que se expande e se desata,
Recém-nascido Irmão da Estrela de Prata!
Crowley, “AHA!”
Emitido por
ordem da GRANDE
FRATERNIDADE BRANCA
conhecida como A∴A∴
Testemunhe Nosso Selo,
N∴
Praemonstrator-General
{photograph: The colotype of Crowley from EQUINOX I, 3, just before page 11, titled underneath “ALEISTER CROWLEY”}
Magia Cerimonial, o Treino para a Meditação
{photograph: (probably colotype original) of Crowley with implements, titled underneath “THE MAGICIAN IN HIS ROBE AND CROWN, ARMED WITH WAND, CUP, SWORD, PANTACLE, BELL, BOOK, AND HOLY OIL.”}
Observações Preliminares
Até agora falamos do caminho místico, e particularmente do seu aspecto exotérico. As dificuldades que mencionamos eram apenas obstáculos naturais. Por exemplo, a grande questão da entrega do ser, que parece tão profusamente na maior parte dos tratados de misticismo, não foi discutida por nós. Dissemos apenas o que o homem deve fizer; não examinamos as implicações de tudo que ele faz. A rebelião da vontade contra a terrível disciplina da meditação não foi discutida; podemos agora dedicar algumas palavras ao assunto.
Não existe limite para aquilo que os teólogos chamam de maldade. Somente através de experiência pode o estudante perceber a engenhosidade com que a mente tenta escapar ao controle. O estudante está perfeitamente a salvo enquanto persiste em meditação, praticando nem mais nem menos do que aquilo que nós prescrevemos; mas a mente provavelmente não permitirá que ele permaneça nessa simplicidade. Este fato é a raiz de todas as lendas sobre a tentação do “Santo” pelo “Diabo”. Considere a parábola do Cristo no Deserto, quando ele é tentado a usar seu poder mágico para fazer tudo menos que deve ser feito. Estes ataques contra a vontade são tão ruins quanto os pensamentos que se intrometem em Dharana. Parece quase como se não pudéssemos praticar meditação com sucesso antes que a vontade se tenha tornado tão forte que nenhuma força no Universo pode desviá-la ou quebrá-la. Antes de concentrarmos o princípio mais baixo, a mente, é necessário que concentremos o princípio mais alto, a vontade. A falta de compreensão disto tem anulado o valor de todas as tentativas de ensinar “Yoga”, “Cultura Mental”, “Novo Pensamento”, etc.
Existem métodos para treinar a Vontade, através dos quais se torna fácil verificarmos nosso progresso.
Todo mundo conhece a força do hábito. Todo mundo sabe que se persistimos em agir de uma maneira particular, aquela ação torna-se progressivamente mais fácil, e finalmente absolutamente natural.
Todas as religiões têm planejado práticas para este fim. Se você persistir em rezar com os lábios durante um suficiente período de tempo, você perceberá um dia rezando em seu coração.
O problema todo foi analisado e organizado pelos antigos sábios; eles construíram uma Ciência da Vida completa e perfeita; e eles deram a esta Ciência o nome de Magick 1). Ela é o principal segredo dos Antigos, e se as chaves nunca foram realmente perdidas, certamente têm sido pouco usadas 2).
Mas: a confusão sobre o assunto, causada pela ignorância de gente que nada entendia dele, levou-o ao descrédito. E agora nossa tarefa restabelecer esta ciência em sua perfeição.
Para fazer isto devemos criticar as Autoridades, algumas delas tornaram a Ciência demasiado complexa, outras fracassaram completamente em assuntos tão simples quanto à coerência. Muitos dos escritores são imparciais, outros meros escribas, enquanto que a maior parte é composta de estúpidos charlatões.
Nós consideramos uma forma simples de Magia, harmonizada de muitos sistemas velhos e novos, descrevendo as várias armas do magista e o mobiliário do seu templo. Nós explicaremos a que cada um destes objetos corresponde, e discutiremos a construção e o uso deles.
O Magista trabalha em um Templo: o Universo, que é (lembremo-nos disto!) coincidente com ele mesmo 3). Neste Templo um Círculo é desenhado no chão para limitar o trabalho do Magista. Este Círculo é protegido por nomes divinos, as influências nas quais ele confia, para manter fora pensamentos hostis. Dentro do Círculo está um Altar, base sólida sobre a qual ele trabalha, a fundação do edifício. Sobre o Altar estão sua Baqueta, o seu Cálice (ou Taça), a sua Espada, e o seu Pantáculo, para representar respectivamente: sua Vontade, sua Compreensão, sua razão e as partes mais baixas do seu ser. Sobre o Altar está também um frasco de Óleo, rodeado por um Flagelo, uma Adaga e uma Corrente, enquanto que acima do Altar pende uma Lâmpada. O Magista usa uma Coroa, um Robe único, e um Lamen, e ele carrega na mão um Livro de Conjurações e um Sino.
O Óleo consagra tudo que toca; é a sua aspiração; todos os atos executados de acordo com aquilo são santos. O Flagelo tortura o Magista; a Adaga o fere; a Corrente o encadeia. É por virtude destes três que sua aspiração se conserva pura, e é capaz de consagrar todas as outras coisas. Ele usa uma Coroa para afirmar seu senhorio, sua divindade; um Robe para simbolizar silêncio, e um Lamen para declarar seu Trabalho. O Livro de encantamento ou conjurações é o seu Relatório Mágico, seu Carma. No Oriente está o Fogo Mágico, em que tudo é consumido por fim 4).
Agora consideremos cada uma destas matérias em detalhe.
Capítulo I: O Templo
Representa o universo externo. O Magista tem que tomá-lo tal como o encontra, de forma que não tem nenhum formato particular, no entanto, está escrito em Liber VII VI:2: “Nós nos fizemos um Templo de pedras na forma do Universo, mesmo tal como tu usaste abertamente e eu escondido.” Esta forma é a vesica piscis; mas é somente o maior dos Magistas que pode assim formar o Templo. Entretanto, pode haver alguma escolha quanto a quartos; isto se refere ao poder do Magista de reencarnar em um corpo apropriado a seu Trabalho.
Capítulo II: O Círculo
O Círculo anuncia a Natureza da Grande Obra.
Se bem que o Magista foi limitado em sua escolha de quarto ele está mais ou menos livre para escolher em que parte daquele quarto ele trabalhará. Ele levará em consideração tanto o conveniente quanto o possível. Seu círculo não deve ser tão pequeno que estorve seus movimentos; também não deve ser tão grande que ele tenha muita distância a correr. Uma vez o círculo esteja feito e consagrado, o Magista não deve deixá-lo, ou mesmo debruçar-se além dele, para que as forças hostis que estão fora não possam destruí-lo.
Ele escolhe um Círculo, antes que qualquer outra figura linear, por várias razões:
1. Ele afirma desta forma sua identidade com o infinito.
2. Ele afirma a proporção equânime do seu trabalho; todos os pontos da circunferência equidistam do centro.
3. Ele afirma a limitação implicada pela sua devoção á Grande Obra. Ele não perambula mais sem fito pelo mundo.
O centro deste Círculo é o centro do Tau (T) de dez quadrados inscrito nele, tal como é mostrado na ilustração anexa. O Tau e o Círculo, juntos, são uma forma da Rosa Cruz: a união de sujeito e objeto que é a Grande Obra, a qual é às vezes simbolizada como esta cruz e Círculo, às vezes como o Lingam-Yoni, às vezes como Ankh ou Cruz-Ansata, às vezes pela Espira e pela Nave de uma Igreja ou Templo, às vezes como um Festim de Casamento, Casamento Místico, Casamento Espiritual, “Bodas Químicas”, e em centenas de outras formas. Qualquer que seja a forma escolhida, é o símbolo da Grande Obra.
Este local de trabalho, portanto, declara a natureza e objetivo da Obra dele. Essas pessoas que supuseram que o uso desses símbolos implica adoração dos órgãos genitais, simplesmente atribuíram aos sábios de todas as idades e todos os países mentalidades do calibre da sua.
O Tau é composto de dez quadrados para as dez Sephiroth.
About this Tau is escribed a triangle, which is inscribed in the great Circle; but of the triangle nothing is actually marked but the three corners, the areas defined by the cutting of the lines bounding this triangle. This triangle is only visible in the parts which are common to two of the sides; they have therefore the shape of the diamond, one form of the Yoni. The significance of this is too complex for our simple treatise; it may be studied in Crowley's “Berashith.”
The size of the whole figure is determined by the size of one square of the Tau. And the size of this square is that of the base of the Altar, which is placed upon Maukuth. It will follow then that, in spite of the apparent freedom of the Magician to do anything he likes, he is really determined absolutely; for as the Altar must have a base proportionate to its height, and as that height must be convenient for the Magician, the size of the whole will depend upon his own stature. It is easy to draw a moral lesson from these considerations. We will merely indicate this one, that the scope of any man's work depends upon his own original genius. Even the size of the weapons must be determined by necessary proportion. The exceptions to this rule are the Lamp, which hangs from the roof, above the centre of the Circle, above the square of Tiphereth; and the Oil, whose phial is so small that it will suit any altar.
No Círculo estão inscritos os Nomes de Deus; o Círculo é verde, e os Nomes estão em vermelho fogo, da mesma cor que o Tau. Fora do Círculo estão Nove equidistantes Pentagramas, no centro de cada um dos quais queima uma pequena Lâmpada; estas são as “Fortalezas” sobre as Fronteiras do Abismo. Veja o Sétimo Æthyr, Liber 418 (Equinox V). Elas conservam fora essas forças da escuridão que poderiam de outra forma invadir.
Os Nomes de Deus formam outra proteção. O Magista pode escolher que nomes usará; mas cada nome deveria de alguma forma simbolizar a sua Obra em seu método de consecução. É impossível entrar aqui por completo neste assunto; a descoberta ou construção de nomes apropriados poderia ocupar o mais letrado Qabalista durante muitos anos.
Estas nove Lâmpadas eram originalmente velas feitas de gordura humana, a gordura de inimigos mortos pelo Magista; elas assim serviam de aviso a qualquer força hostil daquilo que poderia esperar se desse incômodo. Hoje em dia tais velas são difíceis de conseguir; e é talvez mais fácil usar cera de abelha. O mel foi tomado pelo Magista; nada resta do trabalho de todas essas hostes de abelhas senão a mera casca, o combustível da luz. Esta cera de abelha é também usada na construção do Pantáculo, e isto forma um elo entre os dois símbolos. O Pantáculo é o alimento do Magus; ele renuncia a parte deste para dar luz àquilo que está fora. Pois estas luzes são hostis à intrusão apenas em aparência; elas servem para iluminar o Círculo e os Nomes de Deus, e assim exibem os primeiros e mais externos símbolos da Iniciação à vista dos profanos.
Estas velas estão de pé sobre Pentagramas, que simbolizam Geburah, Severidade, e dão proteção; mas que também representam o Microcosmo, os quatro elementos coroados pelo Espírito, a Vontade do Homem tornada perfeita em sua aspiração ao Alto. Elas são colocadas fora do Círculo para atrair as forças hostis, para dar-lhes o primeiro vislumbre da Grande Obra, que também elas devem algum dia executar.
Capítulo III: O Altar
O Altar representa a base sólida da Obra, a Vontade fixa do Magista; e a Lei sob a qual ele trabalha. Dentro deste Altar é tudo colocado, desde que tudo está sujeito à lei. Com exceção da Lâmpada.
De acordo com algumas autoridades, o Altar deve ser feito de carvalho para representar a teimosia e rigidez da lei; outros o fariam de acácia, pois a Acácia é o símbolo da ressurreição.
O Altar é um duplo cubo, o que é uma maneira mais ou menos grosseira de simbolizar a Grande Obra; pois dobrar o cubo, da mesma forma que a quadratura do Círculo, era um dos grandes problemas da Antiguidade. A superfície deste Altar é composta de dez quadrados. O topo é Kether, e o fundo é Malkuth. A altura do Altar iguala a distância do solo ao umbigo do Magista. O Altar está relacionado com a Arca da Aliança, a Arca de Noé, a Nave (navis, um barco) da Igreja, e muitos outros símbolos da antiguidade, cujo significado foi bem estudado em um livro anônimo chamado The Canon (Alkin Mathews), que deveria ser cuidadosamente consultado antes de construirmos o Altar.
Pois este Altar deve incorporar o conhecimento que o Magista tem das leis da Natureza, que são as leis através das quais ele trabalha.
Ele deveria esforçar-se por fazer construções simétricas para simbolizar medidas cósmicas. Por exemplo: ele pode tomar as duas diagonais como sendo (digamos) o diâmetro do Sol. Então, o lado do Altar, descobrirá ele, deverá ter um comprimento igual a alguma outra medida cósmica, uma vesica desenhada sobre um lado terá outra, uma “cruz de crucifixo” dentro da vesica ainda outra. Cada Magista deve construir o seu próprio sistema de simbolismo e ele não precisa limitar-se a medidas cósmicas. Ele poderá, por exemplo, encontrar alguma relação para expressar a lei do inverso dos quadrados.
O topo do Altar deve ser coberto com ouro, e sobre este ouro deveria ser gravada alguma figura tal qual a Oblação Santa, ou a Nova Jerusalém, ou, se ele tiver a habilidade, o Microcosmo de Vitruvius, dos quais nós damos ilustrações.
Sobre os lados do Altar são também algumas vezes gravadas as grandes Tábuas dos Elementos, e os Selos dos Santos Reis Elementais, como é mostrado no Equinox, no VII; pois tais são sínteses das forças da Natureza. No entanto isto são antes símbolos especiais que gerais, e o propósito do presente livro é tratar dos grandes princípios gerais de trabalho.
{diagrams on this page, at top the microcosm of Vitruvius from the title page decoration (not frontispiece as is sometimes said) to Robert Fludd's “Utriusque Cosmi Maioris scilicet et Minoris Metaphysica, Physica, Atque Technica Historia”, based on a Renaissance copy of Vitruvius' 1st century “De Architectura” as interpreted by Cesariano in 1521, minus Fludd's rope, clouds and winged fawn+hourglass, with the caption beneath “DESIGN SUITABLE FOR TOP OF ALTAR”, and below that a geometrical figure of the planets and stars from “The Cannon” fig. 3, p. 30, chap. II. with the under caption “THE HOLY OBLATION”}
{diagram on this page: Inside a dashed equilateral triangle are a scourge, chain, dagger and a wide, low perfume bottle shaped like a woman's breast with nipple, below this is a scale in inches and below that the caption “THE SCOURGE, THE DAGGER, AND THE CHAIN; ENCLOSING THE PHIAL FOR THE HOLY OIL.”}
Capítulo IV: O Flagelo, a Adaga e a Cadeia
TO Flagelo, a Adaga e a Corrente representam os três princípios alquímicos de Enxofre, Mercúrio e Sal. Estes não são as substâncias que atualmente são designadas por tais nomes; representam princípios cuja operação os químicos têm achado mais conveniente explicar de outras formas. O Enxofre representa a energia das coisas, Mercúrio a fluidez delas, Sal a sua fixidez. Eles são análogos ao Fogo, ao Ar e a Água; mas eles significam bastante mais, pois representam algo mais profundo e mais sutil e, no entanto, mais verdadeiramente ativo. Uma analogia quase exata é dada pelas Três Gunas dos hindus: Sattwas, Rajas e Tamas. Sattwas é Mercúrio, estável, calmo, claro; Rajas é Enxofre, ativo, excitável, feroz mesmo; Tamas é Sal, grosso, lerdo, pesado, escuro (existe uma longa descrição destas três Gunas no Bhagavad-Gita).
Mas a filosofia hindu está tão ocupada com a ideia principal de que só o Absoluto tem valor, que ela tende a considerar estas três Gunas (mesmo Sattwas) como malignas. Este ponto de vista é correto, mas somente olhando de cima; e nós preferimos, se somos realmente sábios, evitar a eterna queixa que caracteriza o pensamento da península indiana: “Tudo que existe é sofrimento”, etc. Se aceitamos a doutrina deles das duas fases do Absoluto, será necessário, se quisermos ser consistentes, que classifiquemos as duas fases juntas, quer como boas, quer como más; pois se uma é boa a outra é má, nós voltamos a ideia de dualidade, justamente para evitar a qual nós inventamos o Absoluto.
A ideia cristã de que o pecado valeu a pena porque a salvação foi de tão maior valor, que a redenção é tão esplêndida que a perda da inocência valeu a pena, é mais satisfatória. São Paulo diz: “Onde abundava o pecado, mais abundou a graça. Então devemos nós fazer o mal para que o bem venha? Deus proíba”. Mas (claramente) isto é exatamente o que Deus Mesmo fez, ou por que haveria Ele de criar Satã com o germe de sua “queda” nele?
Em vez de condenar imediatamente as três qualidades, nós deveríamos considerá-las como partes de um Sacramento. Este aspecto particular do Flagelo, da Adaga e da Corrente, sugere o Sacramento da Penitência.
O Flagelo é Enxofre; sua aplicação excita nossas naturezas lerdas; e pode, além disso, ser usado como um instrumento de correção, para castigar volições rebeldes. Isto é aplicado a Nephesh (a Alma Animal, os desejos naturais).
A Adaga é Mercúrio; é usada par a acalmar demasiado calor, por sangria; e é esta arma que é mergulhada no lado do Magista para encher a Santa Taça. As dificuldades que estão entre os apetites e a razão são assim reguladas.
A Corrente é Sal; serve para limitar os pensamentos divagantes; e por este motivo é colocado em volta do pescoço do Magista, onde está Daath.
Estes instrumentos também nos lembram a morte, a dor e a servidão. Estudantes dos Evangelhos lembrar-se-ão que no martírio de Cristo estes três foram usados, a Adaga sendo substituída pelos pregos.
O Flagelo deveria ser feito com um punho de ferro; o Látego é composto de nove tiras de fino arame de cobre, nas quais estão entrançados pedacinhos de chumbo, o ferro representa severidade, cobre amor, e o chumbo austeridade.
A Adaga é feita de aço trabalhado com ouro; e o punho também é de ouro.
A Corrente é feita de ferro doce. Tem 333 elos. (veja o Equinox número V, “A Visão e a Voz”: 10o Æthyr).
Torna-se agora evidente porque estas armas estão grupadas em volta do frasco de Cristal de Rocha que contém o Óleo Santo.
O Flagelo mantém intensa a aspiração; a Adaga expressa a determinação de sacrificar tudo; a Corrente restringe qualquer divagação.
Podemos agora considerar o Óleo Santo propriamente dito.
Capítulo V: O Óleo Santo
O Óleo Santo é a Aspiração do Magista; é aquilo que o consagra à execução da Grande Obra; e tal é a sua eficácia que consagra também o mobiliário do Templo e os instrumentos. É também a graça ou crisma; pois esta Aspiração não é ambição; é uma qualidade conferida do Alto. Por esta razão o Magista ungirá primeiro o topo de sua cabeça, procedendo então à consagração sucessiva dos centros mais baixos.
Este óleo é de uma cor dourada; e quando colocado sobre a pele deverá queimar e vibrar através do corpo com uma intensidade como a o fogo. É a pura luz traduzida em termos de desejo. Não é a Vontade do Magista, o desejo do mais baixo de alcançar o mais alto; é a centelha do mais alto no Magista, que deseja unir o mais baixo a si.
A não ser, portanto, que o Magista seja primeiro ungido com este óleo, todo o seu trabalho será desperdiçado e maligno.
Este Óleo é composto de quatro substâncias. A base de todas é o óleo de oliva. A oliveira é, tradicionalmente, a dádiva de Minerva, a Sabedoria de Deus, o Logos. Nisto são dissolvidos três outros óleos: óleo de mirra, óleo de canela, óleo de galanga. A Mirra é atribuída a Binah, a Grande Mãe, a qual é ao mesmo tempo o Entendimento do Magista e aquela dor e compaixão que resultam da contemplação do Universo. A Canela representa Tiphareth, o Sol, o Filho, em quem a Glória e Sofrimento são idênticos. A Galanga representa tanto Kether quanto Malkuth, o Primeiro e o Último, o Um e os Muitos, desde que neste Óleo eles são um.
Estes óleos em conjunto representam, por tanto, a Árvore da Vida inteira. As Dez Sephiroth são misturadas no ouro perfeito.
Este Óleo não pode ser preparado de mirra, canela, galanga em estado bruto. A tentativa de assim fazer dá apenas uma lama marrom com a qual o óleo de oliva não se misturará. Estas substâncias devem ser elas mesmas refinadas em puros óleos antes da mistura final.
Este perfeito Óleo é extremamente penetrante e sutil. Gradualmente se espalhará uma película brilhante sobre todo objeto no Templo. Cada um destes objetos então flamejará à luz da Lâmpada. Este Óleo é aquele que estava na Taça da Viúva: ele se renova e multiplica milagrosamente; seu perfume enche o Templo inteiro; é a Alma de que o perfume mais grosseiro é o corpo.
O Frasco que contém o Óleo deveria ser de claro cristal de rocha, e alguns Magistas o têm moldado na forma do seio de mulher, porque é a verdadeira nutrição de tudo quanto vive. Por este motivo também tem sido feito de madrepérola, e tampado com um rubi.
Capítulo VI: A Baqueta
A Vontade Mágica é em sua essência dupla, pois pressupõe um começo e um fim; querer ser uma coisa é admitir que você não é a coisa que você quer ser. Daí, portanto, querer qualquer coisa que não seja a coisa suprema é desviar – se mais ainda dela – qualquer vontade que não seja a de entregar-se ao bem amado é magia negra – no entanto, esta entrega é um ato tão simples que para as nossas complicadas mentes é o mais difícil dos atos; e, portanto, treinamento é necessário. Mas o Ser que se rende não deve ser menos que o Ser do Todo; nós não devemos aparecer diante do Altar do Altíssimo com uma oferenda imperfeita ou impura. Como está escrito em Liber LXV, “Esperar-Te é o fim, não o princípio”.
Este treino pode conduzir a toda sorte de complicações, variando de acordo com a natureza do estudante; e daí talvez lhe seja necessário a qualquer momento querer uma variedade de coisas que a outras pessoas poderia parecer sem relação com o alvo. Da mesma forma não é evidente a priori por que razão um jogador de bilhar necessita de uma lima.
Já que, portanto, nós podemos vir a precisar de qualquer coisa, cuidemos de que a nossa vontade seja suficientemente forte para obtermos o que necessitamos sem perda de tempo.
É, portanto, necessário desenvolver a Vontade ao máximo, mesmo se a tarefa final será a completa entrega desta Vontade. Entrega parcial de uma vontade imperfeita é inútil em Magia.
A Vontade sendo uma alavanca, um fulcro é necessário; este fulcro, é a principal aspiração do estudante por alcançar. Todas as Vontades que não derivam desta Vontade principal são fendas no nosso barco, telhas soltas na nossa loja, goteiras nas nossas paredes; são como gordura no atleta.
A maioria das pessoas neste mundo é atáxica; eles não podem coordenar seus músculos mentais para fazer um movimento com propósito. Eles não têm realmente uma Vontade, somente um grupo de caprichos e desejos, muitos dos quais se contradizem uns aos outros. A vítima bamboleia de um a outro (e não é menos bamboleio porque os movimentos passam, às vezes, ser muito violentos), e no fim da vida os movimentos se cancelam. Nada foi executado; exceto a coisa única de que a vítima não está cônscia: a destruição do seu próprio caráter, a confirmação da indecisão. Tal pessoa é despedaçada, membro por membro, por Choronzon.
Como então será treinada a Vontade? Todas estas cismas, caprichos, esses desejos, essas inclinações, tendências, apetites, devem ser percebidos, examinados, julgados de acordo com o padrão de se ajudam ou impedem o propósito principal; e tratados de acordo.
Vigilância e coragem são, é óbvio, necessárias. Eu estava a ponto de acrescentar a auto renúncia em deferência à linguagem convencional; mas como eu poderia chamar auto renúncia àquilo que é apenas renúncia dessas coisas que impedem e prejudicam o ser? Não é suicídio matar os germes de malária em nosso sangue.
Agora, existem enormes dificuldades a serem conquistadas no treino da mente. Talvez a maior seja a falta de lembrança, que é provavelmente a pior forma daquilo que os Budistas chamam ignorância. Práticas especiais para treino da memória podem ser úteis como preliminar para pessoas cuja memória é naturalmente pobre. Em qualquer caso, o Relatório Mágico prescrito para Probacionistas pela A∴A∴A∴A∴ é útil e necessário.
Acima de tudo, as práticas em Liber III devem ser executadas repetidamente, pois estas práticas não só desenvolvem a vigilância, como também esses centros inibidores no cérebro que são, de acordo com alguns psicologistas, a principal mola do mecanismo através do qual o homem civilizado subiu acima dos selvagens.
Até agora falamos, por assim dizer, no negativo. A Vara de Aarão virou uma serpente, e engoliu as serpentes dos outros Magistas; é necessário que a tornemos agora, novamente, em uma vara.
Esta Vontade Mágica é a Vara em sua mão pela qual a Grande Obra é executada, pela qual a Filha é não apenas colocada sobre o trono da Mãe, mas assumida ao Altíssimo.
A Baqueta Mágica é assim a arma principal do Magus: e o nome daquela Baqueta é o Juramento Mágico.
A vontade, sendo dupla, está em Chokmah, que é o Logos, a palavra; daí alguns terem dito que a palavra é a vontade. Thoth, o Senhor da Magia também é o senhor da Linguagem, o Mensageiro, leva o Caduceu.
A palavra deveria expressar a vontade; daí, o Nome Místico do Probacionista é a expressão de sua Vontade mais alta.
Existem, é claro, poucos Probacionistas que se compreendam suficientemente para ser em capazes de expressar esta vontade para si mesmos; por isto ao fim de sua Probação a maioria escolhe um novo nome.
É conveniente, por tanto, para o Estudante o expressar sua vontade assumindo Juramentos Mágicos.
Desde que tal juramento é irreversível deve ser bem ponderado; e é melhor não fazer nenhum juramento permanente; porque com aumento de compreensão pode vir uma percepção da incompatibilidade do juramento menor com o mais elevado.
Isto acontece quase sempre; e deve ser lembrado que, desde que a essência inteira da vontade é que ela é única, com uma só ponta, um dilema deste tipo é o pior em que o Magista pode vir a encontrar.
Outra consideração importante a fazer sobre esta questão de Votos Mágicos é conservá-los em sua própria perspectiva. Eles devem ser assumidos com um propósito claramente definido, e eles não devem nunca ultrapassar os limites do propósito para o qual foram formulados.
É uma virtude para diabéticos abster-se de comer açúcar, mas somente com referência à sua condição pessoal. Não é uma virtude de importância universal. Elias disse em certas ocasiões, “é bom que eu me zangue”; mas tais ocasiões são raras.
Além disso, comida de um é veneno de outro. Um juramento de pobreza poderia ser muito útil para um homem que fosse incapaz de usar com inteligência sua riqueza para o fim único proposto; para outro homem seria apenas desprover-se de energia, fazendo com que perdesse seu tempo com insignificâncias.
Não existe nenhum poder que não possa ser voltado ao serviço da Vontade Mágica; é apenas a tentação de dar valor àquele poder em si mesmo que ofende.
Nós não dizemos: “derrube a árvore; porque deixá-la ocupar o solo?” A não ser que podas repetidas convençam o jardineiro de que o que cresce nunca prestará.
“Se tua mão te ofende, corta-a” é o grito de um fraco. Se a gente matasse um cachorro logo à primeira vez que se comporta mal, poucos passariam dos três meses de idade.
O melhor voto, e aquele de aplicação mais universal, é o voto de Santa Obediência; pois não só leva à liberdade perfeita, mas é um treino para aquela entrega que é a tarefa última.
Tem este grande valor, que nunca se enferruja. Se o superior para com o qual tomamos o voto sabe o que faz, ele rapidamente perceberá que coisas são realmente repugnantes ao seu discípulo, e o familiarizará com elas.
Desobediência ao superior é uma luta entre estas duas vontades no inferior. A vontade expressa em seu voto, que é a vontade ligada à sua vontade mais alta (devido ao fato que ele tomou o voto a fim de desenvolver essa vontade mais alta), luta com a vontade temporária, que é baseada apenas em considerações temporárias.
O instrutor deveria, então, procurar gentil e firmemente estimular o aluno, pouco a pouco, até que a obediência siga o comando sem referência ao que o comando possa ser como Loyola escreveu: perinde ac cadaver 5).
Ninguém compreendeu Vontade Mágica melhor que Loyola; em seu sistema o indivíduo era esquecido. A vontade do Geral era instantaneamente ecoada por todo membro da Ordem; por esta razão a Sociedade de Jesus tornou-se a mais formidável organização religiosa do mundo.
Aquela do Velho da Montanha foi talvez a segunda em eficiência.
O defeito no Sistema de Loyola consiste em que o Geral não era Deus, e que devido às várias outras considerações ele não era necessariamente nem sequer o melhor membro da Ordem.
Para tornar-se Geral da Ordem ele deveria ter querido tornar-se Geral da Ordem; e por causa disto ele não podia ser nada mais.
Para voltar à questão do desenvolvimento da Vontade. É sempre alguma coisa desenraizar as ervas daninhas; mas é preciso cultivar a flor. Tendo esmagado todas as volições em nós mesmos, e se necessário em outras pessoas, que verificamos opostas à nossa Real Vontade, aquela Vontade crescerá naturalmente com maior liberdade. Mas não é apenas necessário purificar o Templo e consagrá-lo; invocações devem ser feitas. Daí é necessário fazer constantemente coisas de natureza positiva, não apenas coisas de natureza negativa, para afirmar aquela Vontade.
Renúncia e sacrifício são necessários, mas não comparativamente fáceis. Existem cem maneiras de falhar, e uma apenas de acertar. Evitar comer carne de boi é fácil; não comer nada senão carne de porco é dificílimo.
Lévi recomenda que em certas ocasiões a Vontade Mágica mesma seja interrompida, no princípio de que nós sempre podemos trabalhar melhor após uma “mudança completa”. Lévi está sem dúvida com a razão; mas ele deve ser compreendido como dizendo isto por causa da “dureza dos corações dos homens”. A turbina é mais eficiente que um motor a explosão: e esse conselho de Lévi só serve ao principiante.
Por fim, a Vontade Mágica se identifica de tal forma com o ser inteiro do homem que ela se torna inconsciente, e é uma força tão constante quanto a gravitação. Nós podemos até nos surpreender com nossos próprios atos, e ter que ponderar e analisar para determinarmos os motivos que os concatenam com as circunstâncias que os provocaram. Mas seja compreendido que quando a Vontade assim realmente se elevou ao nível de Destino, o homem tem tanta possibilidade de cometer um erro como de sair flutuando no ar.
Pode ser indagado se não existe um conflito entre este desenvolvimento da Vontade e o conceito de Ética.
A resposta é Sim.
No Grande Grimório nos é dito: “Compre um ovo sem regatear”, e a consecução, e o passo seguinte no caminho da consecução, é aquela pérola de grande preço, a qual, quando um homem a encontra, ele imediatamente vende tudo quanto tem e compra aquela pérola.
Com muita gente a tradição e o hábito – dos quais o conceito de ética é apenas a expressão social – são as coisas mais difíceis de abandonar; e é uma prática útil o quebrar qualquer hábito simplesmente para se libertar deste tipo de escravidão. Daí nós temos práticas para interromper o sono, para colocar nossos corpos em posições tensas e antinaturais, para executar difíceis exercícios respiratórios – todos esses atos, aparte qualquer mérito especial que possam ter em si para algum propósito particular, possuem o mérito principal de que o homem se força a executá-las a despeito de quais condições possam existir. Tendo conquistado a resistência interna, nós podemos conquistar a resistência externa mais facilmente.
Em um barco a vapor a máquina deve primeiro conquistar a sua própria inércia, antes de poder atacar a resistência da água.
Quando a vontade deixou assim de ser intermitente, torna-se necessário considerar seu alcance. A gravitação dá uma acelerada de trinta e dois pés por segundo neste planeta, na Lua muito menos. E uma Vontade, não importa quão única e quão constante ela seja, pode ainda assim ser sem nenhum valor particular, porque as circunstâncias que a opõem podem ser demasiado fortes, ou porque por algum motivo ela é incapaz de entrar em contato com elas. É inútil desejar a Lua. Se assim fizermos, devemos considerar por que meios aquela Vontade pode se tornar eficiente. Se bem que um homem pode ter uma tremenda vontade em alguma direção, essa Vontade não será necessariamente sempre suficiente para auxiliá-lo em outra direção; pode até ser estúpida.
Existe a “estória” do homem que praticou durante quarenta anos como atravessar o rio Ganges a pé, por cima das águas; e tendo afinal alcançado seu fito, foi censurado pelo seu Santo Guru, que disse: “Você é um grande tolo. Todos seus vizinhos atravessam o Ganges diariamente por dois centavos”.
Isto acontece à maior parte, talvez, de todos nós, em nossas carreiras. Tomamos infinitas dores para aprender alguma coisa para alcançar alguma coisa; e obtendo sucesso este não parece valer nem a expressão do desejo original.
Mas esta perspectiva é errônea. A disciplina necessária para aprender Latim nos auxiliará quando desejarmos fazer algo bem diverso.
Na escola fomos punidos por nossos mestres; quando deixamos a escola, se não aprendemos a punir a nós mesmos, não aprendemos coisa alguma.
De fato, o único perigo é que possamos dar valor à consecução em si mesma. O menino que se orgulha de seu conhecimento escolar está em perigo de se tornar um professor universitário.
Portanto, o Guru do homem que caminhava sobre as águas do Ganges quis apenas dizer que agora era tempo dele ficar insatisfeito com o que conseguira – e empregar seus poderes para algum fito melhor…
E, incidentemente, desde que a Vontade Divina é Única, será verificado que não existe nenhuma capacidade que não seja necessariamente subserviente ao destino do homem que a possui.
Nós podemos ser incapazes de predizer quando um fio de uma determinada cor será tecido no tapete do Destino. É apenas quando o tapete está acabado, e o contemplamos de alguma distância, que a posição daquele fio particular nos parece como necessário. Daí, somos tentados a mencionar aquele antigo problema da fatalidade e livre arbítrio.
Mas se bem que todo homem é “determinado” de forma que toda ação é apenas a resultante passiva da soma total das forças que têm agido sobre ele desde a eternidade, de forma que a Vontade dele é apenas o eco da Vontade Universal, mesmo assim aquela consciência de “livre-arbítrio” é valiosa; e se ele realmente a compreende como sendo a expressão parcial e individual daquele movimento interno em um Universo cuja soma é equilíbrio, tanto mais ele sentirá aquela harmonia, aquela totalidade. E se bem que a felicidade que ele experimenta possa ser criticada como apenas um prato de uma balança no outro prato da qual está uma miséria de igual peso, existem aqueles que afirmam que a miséria consiste apenas no sentimento de separação do Universo, e que consequentemente tudo pode ser, cancelado entre os sentimentos menores, deixando apenas aquele infinito gozo que é uma fase da infinita consciência daquele todo. Tais especulações estão um pouco fora dos limites dos presentes tratados. Não é de particular importância perceber que o elefante e a pulga não podem ser diferentes do que são; mas nós percebemos que um é maior que o outro. Este fato é o de importância prática.
Nós sabemos que as pessoas podem ser treinadas para fazerem coisas que elas não poderiam fazer sem treino – e quem quer que diga aqui que nós não podemos treinar uma pessoa a não ser que seja o destino daquela pessoa ser treinada, não está sendo muito prático. Igualmente é o destino do treinador, treinar. Existe uma falácia no argumento do filósofo determinista, semelhante à falácia que é a raiz de todos os “sistemas” de jogar roleta. As probabilidades são exatamente de três para um contra o vermelho aparecer duas vezes consecutivas; mas quando o vermelho aparece primeira vez, as condições mudam.
Seria inútil insistir sobre este ponto se não fosse pelo fato que muita gente confunde Filosofia com Magia. A Filosofia é a inimiga da Magia. A Filosofia nos assegura que nada tem importância, e que Che sarà, sarà 6).
Na vida prática, e a Magia é a mais prática de todas as Artes da vida, esta dificuldade não ocorre. É inútil argumentar com um homem que está correndo para alcançar um trem, dizendo-lhe que talvez não seja seu destino alcançá-lo; ele simplesmente corre; e se tivesse fôlego de sobra diria: “Para o diabo com o destino.”
It has been said earlier that the real Magical Will must be toward the highest attainment, and this can never be until the flowering of the Magical Understanding. The Wand must be made to grow in length as well as in strength; it need not do so of its own nature.
Foi dito antes que a Verdadeira Vontade Mágica deve ser em direção ao mais elevado fito, e isto nunca pode acontecer até que a Compreensão Mágica floresça. É necessário fazer com que a Baqueta cresça em alcance ao mesmo tempo em que ela cresce em poder, ela nem sempre faz isto por si mesma. A ambição de um menino é ser maquinista de trem. Alguns conseguem a ambição, e permanecem nela toda a vida.
Mas na maioria dos casos a Compreensão cresce mais rapidamente que a Vontade, e muito antes do menino ser capaz de conseguir sua ambição ele já a terá esquecido.
Em outros casos, a Compreensão nunca cresce além de certo ponto, e a Vontade persiste sem inteligência.
O homem de negócios – por exemplo – desejou segurança e conforto, e para este fim vai diariamente para seu escritório e labuta sob o chicote de um capataz muito mais cruel que o mais humilde dos trabalhadores que ele paga; finalmente ele decide aposentar-se, e descobre que a vida está vazia. O fim foi engolido pelos meios.
Somente esses são felizes que desejaram o inatingível.
Todas as possessões, as materiais como as espirituais são pó.
Amor, sofrimento e compaixão são três irmãs que, se parecem livres desta maldição, parecem-no apenas por causa da sua relação com o insatisfeito.
A beleza mesma é tão inatingível que escapa por completo; e o verdadeiro artista, como o verdadeiro místico, não pode descansar nunca. Para ele o Magista é apenas um servo. A Baqueta do artista é de comprimento infinito; é o Mahalingam Criador.
A dificuldade de tal homem é naturalmente que, sua Baqueta sendo muito fina em proporção ao seu comprimento, ela tende a bambear. Pouquíssimos artistas estão conscientes do seu verdadeiro propósito, e em muitos casos nós vemos essa ânsia infinita suportada por uma constituição tão fraca que nada é conseguido.
O Magista deve construir tudo que ele tem em sua pirâmide; e se aquela pirâmide deve tocar as estrelas, quão ampla deve ser a base. Não existe nenhum conhecimento ou poder que seja inútil ao Magista. Diríamos quase que Não há nada no Universo inteiro que ele possa dispensar. Seu derradeiro inimigo é o Grande Magista, o Magista que criou a Ilusão toda do Universo; e para encontrá-lo em combate, de forma que nada reste nem dele nem de você, você deve ser exatamente o seu igual.
Ao mesmo tempo, o Magista não deve nunca esquecer que todo tijolo deve tender na direção do píncaro da pirâmide – os lados dela devem ser perfeitamente lisos; não deve haver nenhum falso píncaro, nem mesmo nos níveis mais baixos.
Esta é a forma ativa e prática daquela obrigação de um Mestre do Templo na qual é dito: “Eu interpretarei todo fenômeno como um trato entre Deus e a minha alma”.
Em Liber CLXXV muitos conselhos práticos para conseguir esta concentração única são dados, e se bem que o assunto daquele livro é a devoção de uma deidade particular, suas instruções podem ser facilmente generalizadas para o desenvolvimento de qualquer tipo de Vontade.
Esta vontade é então a forma ativa da compreensão. O Mestre do Templo pergunta-se, vendo um caracol: “Qual é o propósito desta mensagem do Invisível? Como interpretarei esta Palavra de Deus Altíssimo?” O Mago pensa: “Como usarei este caracol?” E neste curso ele deve persistir. Se bem que muitas coisas inúteis, tanto quanto ele pode ver, lhe são mandadas, um dia ele achará aquela coisa única que ele necessita; enquanto sua Compreensão apreciará o fato que nenhuma dessas outras coisas era inútil.
Assim, com estas práticas preliminares de renúncia, será claramente compreendido que elas eram apenas de utilidade temporária. Elas tinham valor apenas como treinamento. O Adepto rir-se-á das suas absurdidades de principiante; as desproporções terão sido harmonizadas, e a estrutura da alma dele será compreendida como perfeitamente orgânica, sem nada fora do lugar. Ele se verá como o Tau positivo com seus dez quadrados completos dentro do triângulo dos negativos, e esta figura se tornará um, tão cedo quanto do equilíbrio dos pares de opostos ele chegue à identidade dos opostos.
Nisto tudo será percebido que a arma mais poderosa na mão do estudante é o Voto de Santa Obediência e muitos desejarão ter tido a oportunidade de se colocarem sob a direção de um Santo Guru. Que eles tomem ânimo – pois qualquer ente capaz de dar ordens é um Guru eficiente para os fins deste Voto, contanto que não seja demasiado amigável e preguiçoso.
A única razão para escolher um Guru que alcançou, ele mesmo, a consecução, é que ele auxiliará a vigilância do sonolento Chela, e, enquanto tempera os golpes contra os pontos mais sensitivos deste, o fortifica e o faz robusto, e ao mesmo tempo lhe alegra os ouvidos com santos discursos. Mas se tal pessoa for inacessível, que ele escolha qualquer pessoa com a qual ele mantém frequentes relações, e peça-lhe que aja.
A pessoa escolhida deve, se possível, ser de confiança; e que o Chela se lembre que se lhe for comandado que pule num precipício, é muito melhor pular que abandonar a prática.
E é da maior importância não limitar o Voto de forma alguma. Você deve comprar o ovo sem regatear.
Em certa sociedade, os membros eram obrigados por juramento a fazer certas coisas, sendo-lhes simultaneamente assegurado que “não havia nada no Juramento contrário às suas obrigações civis, morais ou religiosas.” Assim, quando qualquer um desejava quebrar o Voto, ele não tinha dificuldade em descobrir uma boa razão. O Voto perdeu toda força.
Quando Buda sentou-se sob a abençoada Árvore Boh, ele jurou que nenhum dos habitantes dos 10.000 mundos poderia fazer com que ele se erguesse até ter alcançado a consecução; de forma que mesmo quando Mara, o Grão-Demônio, com suas três filhas, as Grãs-Tentadoras, aparece, ele permaneceu quieto.
Mas para principiantes é inútil tomar um voto tão formidável; ele ainda não tem a força que pode desafiar Mara. Que ele avalie sua força, e tome um Voto que esteja dentro dos limites desta; mas apenas nos limites. Milo começou carregando, nas costas, um vitelo recém-nascido; e enquanto dia a dia o vitelo crescia e virou touro, a força de Milo crescia também, e foi suficiente para carregar o touro nas costas.
Repetimos que Liber III é um método admirável para o principiante 7) e será melhor, mesmo se ele tiver muita confiança em sua força, que ele tome o Voto por períodos muito curtos, começando com uma hora e aumentando diariamente trinta minutos, até que o dia inteiro seja preenchido pela prática. Então que ele descanse por algum tempo, e depois tente uma prática por dois dias; e assim por diante até tornar-se perfeito.
Ele deveria também começar com as práticas mais fáceis. Mas a coisa que ele jura evitar deve ser algo que normalmente ele faria com alguma frequência; pois de outra forma o esforço a que a memória é obrigada para conservar a vigilância seria muito grande, e a prática se tornaria difícil. É tão exato na primeira vez que a dor de seu braço ficará lá no momento em que ele normalmente faz a coisa proibida, para adverti-lo contra suas repetições.
Desta forma haverá uma clara conexão na mente dele entre causa e efeito, até que ele terá tanto cuidado em evitar aquele ato particular que ele se determinou conscientemente a evitar quanto àquelas outras coisas que ele na infância foi treinado para evitar.
Assim como a pálpebra se fecha inconscientemente quando o olho é ameaçado, assim ele deve acumular na consciência este poder de inibição até que ele mergulhe sob a consciência, acrescentando à sua reserva de força automática, de modo que ele esteja livre para dedicar sua energia consciente para uma tarefa ainda maior.
É impossível superestimar o valor desta inibição para o homem quando ele volta a meditar. Ele protege sua mente contra os pensamentos A, B e C; ele verifica as sentinelas para permitir que ninguém passe que não seja de uniforme. E será muito fácil para ele ampliar esse poder, e para abaixar a ponte levadiça.
Que ele lembre-se, também, que existe uma diferença não apenas na frequência de pensamentos ‒ mas em sua intensidade.
O pior de tudo é, claro, o ego, que é quase onipresente e quase irresistível, ainda tão profundamente arraigado que no pensamento normal não se pode estar sempre a par dele.
Buda, pegando o touro pelos chifres, fez esta ideia o primeiro a ser atacado.
Cada qual deve decidir por si mesmo se este é um curso sábio a seguir. Mas certamente parece mais fácil descartar primeiro as coisas que podemos mais facilmente dispensar.
A maioria das pessoas terá trabalho com as Emoções, e os pensamentos que as excitam.
Mas é tanto possível quanto necessário não só suprimir as emoções, mas fazer delas criados fiéis. Assim, a emoção da cólera é ocasionalmente útil contra aquela porção do cérebro cujo relaxamento vicia o controle.
Se existe uma emoção que nunca é útil, é o orgulho; por este motivo, que está inteiramente ligado ao ego.
Não existe uso para o orgulho!
A destruição das Percepções, que as mais grosseiras ou as mais úteis, parece muito mais fácil, porque a mente, não sendo movida, está livre para se lembrar do controle.
É fácil nos absorvermos tanto em um livro que não notamos o mais lindo cenário. Mas se formos picados por uma vespa, o livro é imediatamente esquecido.
As Tendências são, no entanto, muito mais difíceis de combater que as três Skandhas mais baixas juntas – pela simples razão de que estão, em sua maior parte, abaixo do consciente, e devem, por assim dizer, ser despertadas a fim de serem destruídas; de forma que a vontade do Magista está, em certo senso, tentando fazer duas coisas opostas ao mesmo tempo.
A Consciência mesma só é destruída por Samadhi.
Agora podemos perceber o processo lógico que começa recusando a pensar em um pé, e acaba destruindo o senso de individualidade.
Há muitos métodos para destruir profundamente ideias enraizadas.
O melhor é, talvez, o método de equilíbrio. Ponha a mente no hábito de evocar o oposto de todo pensamento que possa erguer-se. Em conversação sempre discorde. Examine e compreenda os argumentos do outro homem, mas não importa quanto o julgamento de você aprove os argumentos dele, ache resposta.
Que isto seja feito desapaixonadamente; quanto mais convencido você está de que certo ponto de vista é certo, tanto mais determinado você deveria estar por achar provas de que tal ponto de vista é errôneo.
Se você tiver feito isto com cuidado e exaustivamente, estes pontos de vista não mais perturbarão você; você pode então asseverar o seu próprio ponto de vista com a calma de um Mestre, o que é mais convincente que o entusiasmo de um aprendiz.
Você não mais estará interessado em controvérsias; política, ética, religiões parecer-lhe-ão como tantos brinquedos, e sua Vontade Mágica estará livre destas inibições.
Em Burma existe apenas um animal que o povo mata sempre, a víbora de Russell; porque, como eles dizem por lá, “ou você a mata, ou ela mata você”; é uma questão de quem vê o outro primeiro.
Ora, qualquer ideia que não seja a Ideia deve ser tratada desta maneira. Quando você tiver matado a serpente, você pode usar-lhe a pele, mas enquanto ela está viva e livre, você está em perigo.
E infelizmente a ideia do ego, que é a verdadeira serpente, pode projetar-se em uma multidão de formas, cada qual vestida nas mais lindas roupagens. Assim é dito que o Diabo é capaz de disfarçar-se em um Anjo de luz.
Quando estamos sob o peso de um Voto Mágico, este é terrivelmente o caso. Nenhum ser humano compreende ou pode compreender as tentações dos santos.
Uma pessoa normal que tivesse ideias como as que obsidiaram São Patrício e Santo Antônio deveria estar num manicômio
Quanto mais você aperta a serpente (que estava previamente adormecida ao Sol, e quase inofensiva, em aparência), tanto mais ela se contorce e luta; e é importante que você se lembre que você deve segurá-la com mais força quanto mais ela luta, ou ela escapará e morderá você.
Da mesma maneira que, se você, diz a uma criança para não fazer certa coisa, não importa o que, ela imediatamente vai querer fazer aquilo, se bem que a ideia poderia não lhe ter jamais ocorrido por si só, da mesma forma com o santo. Nós temos todas estas tendências latentes em nós; poderíamos permanecer inconscientes da maior parte delas a nossa vida inteira – a não ser que elas sejam despertadas pela nossa Magia. Elas estão de emboscada. E toda e cada qual deve ser despertada, e toda e cada qual deve ser destruída. Toda pessoa que assina o Juramento de um Probacionista está mexendo num ninho de marimbondos.
Um homem tem apenas que afirmar a sua aspiração consciente, e o inimigo pula sobre ele.
Parece pouquíssimo provável que qualquer pessoa possa atravessar aquele terrível ano de Probação – e, no entanto, o Aspirante não é obrigado a fazer coisa alguma difícil; quase parece como se ele não fosse obrigado a fazer coisa alguma – e, no entanto, a experiência nos ensina que o efeito é como arrancar o homem de sua poltrona favorita e arremessá-lo ao meio de uma tempestade no Atlântico. A verdade é, talvez, que a simplicidade mesma da tarefa a torna difícil.
O Probacionista deve agarrar-se à sua respiração – afirmá-la de novo e de novo em desespero.
Ele quase a perdeu de vista, talvez; ela se tornou sem significado para ele; ele a repete mecanicamente enquanto é arremessado de onda a onda.
Mas se ele puder persistir em sua aspiração? Ele atravessará o ano.
E uma vez ele tenha atravessado, as coisas novamente assumirão o seu aspecto próprio; ele verá que mera ilusão eram as coisas que pareciam tão reais, e ele terá sido fortificado contra as novas provações.
Mas infeliz em extremo é aquele que não pode assim persistir. É inútil para ele dizer: “Eu não gosto do Atlântico; eu voltarei à minha poltrona favorita”.
Dê um passo apenas no caminho, e já não se pode mais voltar atrás. Como diz o poeta Browning em seu poema “O Jovem Rolando chegou à Torre escura”:
Pois vede. Tão cedo eu me dediquei ao plano
Eu dei na trilha o meu primeiro passo,
Quando volvendo os olhos sobre o ombro
A estrada que seguira já não vi:
Ao meu redor, ao horizonte, nada
Senão deserto; para a frente a estrada.
Isto é universalmente verdadeiro; a afirmação que o Probacionista pode renunciar ao Caminho quando quiser é em verdade apenas para aqueles que tomaram o Juramento superficialmente.
Um verdadeiro Juramento Mágico não pode ser quebrado; você pensa que pode, mas não pode.
Esta é a vantagem de um verdadeiro Juramento Mágico.
Não importa quantos rodeios você faz, você chega ao fim da mesma maneira; e tudo que você fez conseguindo tentando quebrar seu Juramento foi envolver-se nas mais terríveis dificuldades.
Não pode ser demasiado claramente compreendido que tal é a natureza das coisas; não depende da vontade de quaisquer pessoas, não importa quão poderosas ou exaltadas; nem pode a força d’Elas, a força de Seus Grandes Juramentos, valer contra o mais fraco Juramento do mais trivial dos principiantes.
A tentativa de interferir com a Vontade Mágica de outra pessoa seria maligna se não fosse absurda.
Nós podemos tentar construir uma Vontade onde nada antes existia senão um Caos de caprichos; mas uma vez a organização se tenha processado, é sagrada. Como diz Blake, “tudo que vive é santo”; daí, a criação de vida é a mais sagrada das tarefas. Não importa muito ao criador o que é que ele cria; existe espaço no Universo tanto para a aranha quanto para a mosca.
É do monturo de lixo de Choronzon que nós selecionamos o material de um deus.
Esta é a análise última do Mistério da Redenção, e é possivelmente a verdadeira razão da existência (se existência pode ser chamado) de forma, ou se você preferir, do Ego.
É surpreendente que este grito típico – “Eu sou eu” – e o grito daquilo que, acima de tudo, não “é” eu.
Foi aquele Mestre cuja Vontade era tão poderosa que à sua mais leve expressão o surdo ouvia, o mudo falava, leprosos saravam e os mortos ressuscitavam; foi aquele Mestre e nenhum outro que no supremo momento de sua agonia pode gritar, “Não minha Vontade, mas a Tua, seja feita”.
Capítulo VII: O Cálice
Tal como a Baqueta Mágica é a Vontade, a Sabedoria, a Palavra do Mago, assim também é a Taça ou Cálice Mágico, ou seja, a Compreensão dele.
Esta é a Taça sobre a qual foi escrito: “Pai, se tal for Tua Vontade, deixa que esta Taça passe de mim”. E também: “Podeis beber da taça de que eu bebo?”
E também a Taça na mão de Nossa Senhora Babalon, e a Taça do Sacramento.
Esta Taça está cheia de amargura, e de sangue, e de intoxicação.
A Compreensão do Mago é o seu Elo com o Invisível, do lado passivo.
Sua Vontade erra ativamente ao se opor à Vontade Universal.
Sua Compreensão erra passivamente quando aceita influência daquilo que não é a Ultimal Verdade.
No começo a Taça do estudante está quase vazia; e mesmo a verdade que ele recebe pode escoar e ser perdida.
Dizem que os Venezianos faziam vidro que mudava de cor quando veneno era colocado nele; o estudante deve fabricar sua Taça de tal vidro.
A mínima experiência do caminho místico lhe mostrará que todas as impressões que ele recebe, nenhuma é verdadeira. Ou elas são intrinsecamente falsas, ou elas são erradamente interpretadas pela mente dele.
Existe apenas uma verdade, e uma só. Todos os outros pensamentos são falsos.
E à medida que ele progride no conhecimento de sua mente, ele virá a compreender que a estrutura inteira desta mente é tão defeituosa que ela é completamente incapaz, mesmo em seus momentos de exaltação, de verdade.
Ele reconhecerá que qualquer pensamento apenas estabelece uma relação entre ego e não-ego.
Kant demonstrou que mesmo as leis da natureza são apenas as condições do pensamento. E como a corrente do pensamento é o sangue da mente, é dito que a Taça Mágica está cheia com o sangue dos Santos. Todo pensamento deve ser oferecido como um sacrifício.
A Taça dificilmente pode ser descrita como uma arma. Ela é redonda, como o Pantáculo – não reta como a Baqueta e a Adaga. Recepção, não projeção, é a sua natureza 8).
Portanto, aquilo que é redondo é para ele um símbolo da influência do mais alto. Este círculo simboliza o Infinito, tal como toda Cruz ou Tau representa o finito. Aquilo que é quadrado mostra o Finito fixado em si mesmo; por esta razão, o Altar é quadrado. É a base sólida da qual procede a operação inteira. Uma forma de Taça Mágica tem uma esfera sob o bojo, e se apoia numa base cônica.
Esta Taça (crescente, esfera, cone) representa os três princípios de Lua, Sol e Fogo, os três princípios que, de acordo com os hindus, têm seu curso no corpo. Esta é a Taça de Purificação; como diz Zoroastro:
“Por tanto primeiro o Sacerdote que governa os trabalhos do fogo deve aspergir com a água lustral do mar que ressoa”
É o mar que purifica o mundo. E o “Grande Mar” é na Cabala um nome de Binah, a “Compreensão”.
É pela Compreensão do Magus que seu trabalho é purificado.
Binah, além disso, é a Lua; e o bojo desta taça é da forma da Lua.
Esta Lua é o Caminho de Gimel, através do qual a influência da Coroa desce sobre o Sol de Tiphareth.
E isto está baseado sobre a Pirâmide de Fogo que simboliza a aspiração do estudante.
No simbolismo hindu o Amrta ou “orvalho da imortalidade” 9) goteja constantemente sobre o homem, mas é queimado pelo fogo grosseiro dos seus apetites. Os Iogues tentam preservar este orvalho virando a língua para traz dentro da boca.
A respeito da água nesta Taça, pode ser dito que da mesma forma que a Baqueta deveria ser perfeitamente rígida, o sólido ideal, assim também deveria a água ser o fluido ideal.
A Baqueta é ereta, e deve estender-se ao Infinito.
A superfície da água é lisa, e deve se estender ao Infinito.
Uma é a linha, a outra o plano.
Mas da mesma maneira que a Baqueta é fraca sem grossura assim também é a água falsa sem profundidade. A Compreensão do Magus deve incluir todas as coisas, e aquela Compreensão deve ser infinitamente profunda.
H.G. Wells disse que “toda palavra que um homem ignora representa uma ideia que ele ignora”. E é impossível compreender todas as coisas perfeitamente antes que todas as coisas sejam sabidas.
A Compreensão é a estruturação do conhecimento.
Todas as impressões são desconexas, como o Bebê do Abismo terrivelmente sabe: e o Mestre do Templo deve permanecer sentado durante 106 estações na Cidade das Pirâmides porque esta coordenação é uma tarefa tremenda.
Não existe nada particularmente secreto nesta doutrina concernente ao conhecimento e a Compreensão.
Um espelho recebe as impressões, mas não coordena nenhuma.
A mente do selvagem apresenta apenas a mais simples forma de associação de ideias. Mesmo o homem civilizado ordinário vai pouco além.
Todo progresso do pensamento é feito colecionando o maior número possível de fatos, classificando-os e agrupando-os.
O filólogo, se bem que talvez ele fale apenas uma língua, tem um tipo de mente muito mais elevada do que o linguista que fala vinte.
Esta árvore de Pensamento tem um exato paralelo na Árvore da estrutura nervosa.
Hoje em dia tem muita gente que anda por aí e que é muito “bem informada”, mas não tem a mínima concepção do significado dos fatos que conhece. Eles não desenvolveram a parte mais elevada do cérebro, necessária para este fim. A Indução lhes é impossível.
Esta capacidade de acumular fatos na memória sem compreender seu significado é compatível com a imbecilidade. Alguns imbecis têm sido capazes de acumular mais conhecimento em suas memórias do que talvez qualquer ser humano sadio poderia ser capaz.
Este é o grande defeito da educação moderna – as crianças são entupidas com fatos, e nenhuma tentativa é feita de explicar a conexão entre tais fatos, e as influências deles. O resultado é que até mesmo os fatos em si cedo são esquecidos.
Qualquer mente de alta qualidade é insultada e irritada por tal tratamento, e qualquer memória de alta qualidade está em perigo de ser estragada por ele.
Nenhum par de ideias tem real significado até que elas sejam harmonizadas em uma terceira; e a operação só é perfeita quando as ideias parceiradas são contraditórias. Esta é a essência da lógica de Hegel.
A Taça Mágica, tal como foi mostrada acima, é também a flor. É o Lótus que se abre para o Sol, e recolhe o orvalho.
Este Lótus está na mão de Ísis, a Grande Mãe. É um símbolo semelhante ao da Taça na mão de Nossa Senhora Babalon.
Existe também o Lótus do corpo humano, de acordo com o Sistema Hindu de Filosofia a que nos referimos no capítulo sobre Dharana.
O canal central é comprimido em sua base por Kundalini, o poder mágico, uma serpente adormecida. Despertai-a; ela roja espinha acima e o Prana flui através de Sushuma. Veja Raja Yoga para mais detalhes.
Diagrama dos Chacras
Os Chacras
Existe o Lótus de três pétalas no Sacro, em que a Kundalini jaz adormecida. Este Lótus é o receptáculo do poder reprodutor.
Existe também o Lótus de seis pétalas oposto ao umbigo – que recebe as forças que nutrem o corpo.
Existe também um Lótus no plexo solar que recebe as forças nervosas.
O Lótus de seis pétalas no coração cor responde a Tiphareth, e recebe aquelas forças vitais que estão relacionadas com o sangue.
O Lótus de dezesseis pétalas oposto à laringe recebe a nutrição necessária à respiração.
O Lótus de duas pétalas da glândula pineal recebe a nutrição necessitada pelo pensamento, enquanto que acima da junção das estruturas cranianas está aquele sublime Lótus, o Lótus de mil pétalas, que recebe a influência do alto e no qual, no Adepto, a Kundalini despertada toma seu prazer com o Senhor do Todo.
Todos estes Lótus estão figurados pelo Cálice Mágico.
No homem comum eles estão parcialmente abertos, ou abertos somente à sua nutrição natural. De fato, é melhor pensar neles como fechados, segregando aquela nutrição que, por falta de sol, vira veneno.
A Taça Mágica não deve ter cobertura; no entanto deve ser conservada cuidadosamente velada o tempo todo, a não ser quando estamos invocando ao Altíssimo.
Esta Taça também deve ser escondida dos profanos. A Baqueta deve ser conservada secreta para que os profanos, temendo-a, não a quebrem, a Taça para que, desejando tocá-la, eles não a sujem.
No entanto a aspersão com água da Taça não apenas purifica o Templo, mas abençoa aqueles que estão fora deste: livremente deve ser a água libada. Mas que ninguém saiba o vosso real propósito, e que ninguém saiba o segredo da vossa força. Lembrai-vos de Sansão. Lembrai-vos de Guy Fawkes.
Dos métodos de aumentar a Compreensão, aqueles da Santa Cabala são talvez os melhores, contanto que o intelecto esteja completamente cônscio da absurdidade desses métodos, e nunca se deixe convencer.
Além disso, meditação de certos tipos é útil; não aquela estrita meditação que busca aquietar a mente, mas uma meditação tal como Sammasati.
Do lado exotérico, se necessário a mente deveria ser treinada pelo estudo de alguma ciência bem desenvolvida, tal como a Química, ou a Matemática.
A ideia de organização é o primeiro passo; a de interpretação o segundo. O Mestre do Templo, cujo Grau corresponde à Binah, está jurado a “interpretar todo fenômeno como um trato particular entre Deus e a sua alma”.
Mas mesmo o principiante pode com vantagem tentar esta prática.
Ou um fato qualquer concorda e se harmoniza com o resto, ou não; se não, a harmonia está quebrada; e como a harmonia Universal não pode ser quebrada, a discórdia deve estar na mente do estudante, assim demonstrando que ele não está em tuno com aquele coro Universal.
Que ele deslinde primeiro os grandes fatos, depois os pequenos; até que num verão, quando ele estiver careca e sonolento depois do almoço, ele compreenda e aprecie a existência das moscas.
Esta falta de Compreensão com a qual todos nós começamos é tão terrível, tão lamentável. Neste mundo existe tanta crueldade. Tanto desperdício, tanta estupidez.
A contemplação do Universo deve ao princípio ser quase que pura angústia. Este fato é responsável pela maior parte das especulações da filosofia.
Filósofos medievais desviaram-se irreparavelmente em suas interpretações, porque a sua teologia necessitava a referência de todas as coisas ao ponto de vista do bem estar humano.
Eles até se tornaram estúpidos; Bernardin de St. Pierre (não foi?) disse que a bondade de Deus era tal que onde quer que os homens tivessem construído uma grande cidade, Ele ali havia colocado um rio para auxiliar aos homens a transportar mercadoria. Mas a verdade é que de forma alguma podemos imaginar o Universo como sendo sido especialmente planejado para nós. Se os cavalos foram criados para serem montados pelos homens, não foram os homens criados para alimentar os germes?
E assim nós vemos uma vez mais que a ideia do Ego deve ser impiedosamente desenraizada antes que a Compreensão seja alcançada.
Existe uma contradição aparente entre esta atitude e aquela do Mestre do Templo. O que pode ser mais egoísta do que sua interpretação de tudo como um trato particular de Deus com sua alma?
Mas é Deus que é tudo e não qualquer das partes; e todo “trato” deve assim ser uma expansão da alma, uma destruição da sua separatividade.
Todo raio de sol expande a flor.
A superfície da água na Taça Mágica é infinita; não existe nenhum ponto que defira de qualquer outro ponto.
Portanto, ultimamente, tal como a Baqueta é um ligamento e uma restrição, assim é a Taça uma expansão ao Infinito.
E este é o perigo da Taça; ela deve necessariamente estar aberta a tudo; no entanto, se algo é posto nela que seja desproporcionado, desequilibrado ou impuro, ela é danificada.
E aqui novamente nós experimentamos dificuldade com os nossos pensamentos. A grosseria e estupidez de simples impressões nubla a água; emoções a agitam; percepções ainda estão longe da perfeita pureza da verdade, pois causam reflexos; enquanto que as tendências alteram o índice de refração, e decompõem a luz.
Mesmo a consciência em si é aquilo que distingue entre o mais baixo e o mais alto, entre as águas que estão abaixo do firmamento e as águas que estão acima do firmamento, aquele pavoroso estágio na grande maldição da criação.
Desde que na melhor das hipóteses está água, é apenas um reflexo, quão tremendamente importante é que ela esteja quieta.
Se a Taça for sacudida, a luz será decomposta.
Portanto a Taça é colocada sobre o Altar, que é quadrado, a vontade multiplicada pela vontade, a confirmação da vontade no Juramento Mágico, sua fixação em Lei.
É fácil percebermos quando a água está enlameada, é fácil nos livrarmos da lama; mas existem muitas impurezas que desafiam tudo a não ser destilação, e mesmo algumas devem ser fracionadas até 70 vezes 7 vezes.
Existe, no entanto, um solvente e harmonizador universal, certo orvalho que é tão puro que uma única gota derramada na água da Taça trará temporariamente tudo à perfeição.
Este orvalho é chamado Amor. Mesmo tal como, no caso do amor humano, o Universo inteiro parece perfeito ao homem que está sob seu controle, da mesma forma, e muito mais, com o Amor Divino do qual agora falamos.
Pois o amor humano é uma excitação, e não uma aquietação da mente; e como está ligado ao indivíduo, apenas redunda em mais perturbação no fim.
Este Amor Divino, pelo contrário, não está apegado a nenhum símbolo.
Ele detesta limitação, quer em sua intensidade ou em seu alcance. E este é o orvalho das estrelas de que é falado nos Livros Santos, pois Nuit a Senhora das Estrelas é chamada “a Contínua do Céu”, e é esse Orvalho que banha o corpo do Adepto “em um docemente perfumado cheiro de suor”.
Se bem, portanto, que todas as coisas são colocadas nesta Taça, pela virtude deste orvalho todas elas perdem sua identidade. E, portanto, esta Taça está na mão de Babalon, a Senhora da Cidade das Pirâmides, onde ninguém pode ser distinguido de qualquer outro, onde ninguém pode sentar-se até ter perdido seu nome.
Daquilo que está na Taça também é dito que é vinho, esta é a Taça de Intoxicação. Intoxicação significa envenenamento, e particularmente refere-se à peçonha em que flechas são banhadas. (Grego pόcon, “um arco”) Pense na Visão da Flecha em Liber 418 e consultemos as passagens nos Livros Santos que falam da ação do espírito sob o símbolo de uma peçonha virulenta.
Pois para cada coisa individual a consecução significa, antes de mais nada, a destruição da individualidade.
Cada uma de nossas ideias deve ser levada a entregar o Ser ao Bem Amado, de forma que nós eventualmente possamos, por nossa vez, dar o Ser ao Bem Amado nós mesmos.
Será lembrado da “Lição Histórica” como os adeptos, “que haviam com rostos sorridentes abandonando seus lares e suas esposas, puderam com tranquilidade e firme correção abandonar a Grande Obra; pois esta é a última mais elevada projeção do Alquimista.”
O Mestre do Templo cruzou o Abismo, entrou no Palácio da Filha do rei; ele necessita apenas pronunciar uma palavra, e tudo será dissolvido. Mas em vez disto, ele é encontrado escondido na terra cuidando de um jardim.
Este mistério é demasiado complexo para ser elucidado nestes fragmentos de pensamento impuro; é um assunto para meditação.
Um Interlúdio
Toda cantiga de ninar 10) contém profundos segredos mágicos que estão a dispor de qualquer pessoa que tenha feito um estudo das correspondências da Santa Cabala. A arte de desvendar um imaginário significado de tais “tolices” faz pensar nos Mistérios; nós entramos em profunda contemplação de coisas santas, e Deus Mesmo guia a alma a uma real iluminação. Daí também a necessidade de Encarnação; a alma deve descer a toda falsidade para poder alcançar Toda-Verdade.
Por exemplo:
A velha Mãe Hubbard
Foi à sua dispensa
Pegar um osso para seu pobre cão;
Quando ela chegou lá,
A dispensa estava vazia,
Assim o pobre cão não ganhou nada.
Quem é esta antiga venerável Mãe de quem se fala? Em verdade ela não é outra senão Binah, como é evidente pelo uso da santa letra “H” pela qual o nome dela principia.
Nem é ela a Mãe Ama, estéril – mas a fértil Aima; pois ela tem Vau, o filho, como segunda letra do seu nome, e “R”, a penúltima letra, é o Sol Tiphareth, o Filho.
As outras três letras do nome dela, B, A, e D, são os três caminhos que unem as três Supernas.
A que dispensa foi ela? Mesmo às mais secretas cavernas do Universo. E quem é este cão? Não é ele o nome de Deus soletrado cabalisticamente às avessas? E o que é este osso? Este osso é a Baqueta, o Santo Ligam.
A completa interpretação da runa é agora evidente. Esta rima é a lenda do assassinato de Osíris por Tifão.
Os membros de Osíris foram espalhados no Nilo.
Ísis buscou-os em todo canto do Universo, e encontrou todos com exceção do Sagrado Lingam dele que não foi encontrado até bem recentemente (vide A Estrela no Ocidente por Gen. Fuller).
Tomemos outro exemplo deste rico armazém de lendas mágicas:
A pequena Bo Peep
Perdeu seus carneiros
E não sabia onde encontrá-los.
Deixe-os em paz
E eles virão para casa,
Arrastando as caudas atrás.
“Bo” é a raiz significando Luz, da qual surgiram palavras tais como a Árvore Bo, Bodhisattwa, e Buda.
E “Peep” é Apep, a Serpente Apófis. Este poema, portanto, contém o mesmo símbolo que aquele nas Bíblias Egípcia e Hebraica.
A Serpente é a Serpente de iniciação, da mesma forma que o Carneiro é o Salvador.
Este ancião, a Sabedoria da Eternidade, senta-se em sua fria angústia à espera do Redentor. E este santo verso triunfante nos assegura que não existe razão para ansiedade. Os Salvadores virão um atrás do outro, como quiserem, e conforme sejam necessários, e arrastarão as suas caudas, quer dizer, estes que seguem o santo mandamento deles, ao fito derradeiro.
Novamente nós lemos:
A pequena Senhorita Muffet
Estava sentada num tufo
Comendo coalhada e soro,
Lá vem uma enorme aranha,
E sentou-se a seu lado,
E espantou a pobre Senhorita Muffet que foi embora.
A pequena Senhorita Muffet inquestionavelmente representa Malkah; pois ela é solteira. Ela está sentada sobre um tufo: isto é, ela é a alma não regenerada sobre Tophet, o abismo do inferno. E ela come coalhada, é soro, isto é, não o puro leite da Mãe, mas leite que se decompôs.
Mas quem é a aranha? Realmente aqui está oculto um venerável arcano.
Como todos os insetos, a aranha representa um Demônio. Mas por que uma aranha?
Quem é esta aranha que segura com suas mãos, e está nos Palácios dos Reis? O nome desta aranha é Morte. E o medo da morte que antes da mais nada torna a alma cônscia de sua miserável condição.
Seria interessante se a tradição tivesse preservado para nós as aventuras subsequentes de Senhorita Muffet.
Mas nós devemos prosseguir à consideração da interpretação da seguinte rima:
O pequeno Jack Homer
Estava sentado em um canto
Comendo um pastel de Natal.
Ele enfiou seu polegar,
E tirou uma ameixa,
E disse: “Que bom menino eu sou”
Na interpretação deste notável poema existe uma divergência entre duas grandes escolas de Adeptos.
Uma mantém que Jack é apenas uma corrupção de John, Ion, aquele que vai – Hermes, o Mensageiro. A outra prefere tomar Jack simplesmente e reverentemente como Baco, a forma espiritual de Baco. Mas não faz muita diferença se nós insistimos sobre a rapidez ou sobre o arrebatamento do Espírito Santo de Deus; e que é d’Ele que aqui se fala é evidente, pois o nome Homer não poderia ser aplicado a nenhum outro mesmo pelo mais casual leitor dos Santos Evangelhos e das obras de Congreve. “Homer” vem do inglês – que significa chifre, e é uma das gírias para o falo, o órgão viril, mais gerais e mais antigas do mundo.
E o contexto torna isto ainda mais claro, pois ele está sentado em um canto, isto é, no lugar de Cristo, a Pedra Angular, comendo, isto é, deliciando-se com, aquilo que o nascimento do Cristo nos assegura. Ele é o Consolador que substitui o Salvador ausente. Se existisse ainda qualquer dúvida da Sua identidade, seria resolvida pelo fato que é o polegar, o dedo atribuído ao elemento de Espírito, e não um dos quatro dedos dos quatro elementos menores, que ele enfia no pastel da nova dispensação. Ele tira um que está maduro, sem dúvida para enviá-lo como um Instrutor ao mundo, e regozija-se porque assim está executando tão bem a vontade do Pai.
Passemos deste mui abençoado assunto a ainda outro.
Tom, Tom, o filho do flautista,
Roubou um porco e fugiu.
O porco foi comido,
E Tom apanhou,
E Tom desceu a rua rugindo.
Esta é uma das mais exotéricas destas rimas. Em fato, não é muito mais que um mito solar. Tom é Toum, o Deus do Poente. A única dificuldade do poema consiste no porco; pois quem quer que tenha assistido a um violento pôr do Sol nos trópicos compreenderá que incomparável descrição daquele pôr de Sol é dada naquela maravilhosa última linha. Alguns têm pensado que o porco refere-se ao sacrifício da tarde. Outros que ele é Hathoor, a Senhora do Oeste, em seu mais sensual aspecto.
Mas é provável que este poema seja apenas a primeira estrofe de uma epopeia. Tem todas as marcas características. Alguém disse da Ilíada que ela não acaba, mas apenas para. Isto é a mesma coisa. Podemos estar certos de que existe mais deste poema. Diz-nos demasiado pouco. Como é que esta tragédia toda resulta da mera comilança de um porco roubado? Desvelai o mistério de quem o comeu.
Devemos abandonar o caso, então, como pelo menos parcialmente insolúvel.
Consideremos este poema:
Hickory, dickory, dock
O camundongo subiu no relógio;
O relógio bateu uma,
E o camundongo desceu,
Hickory, dickory, dock.
Aqui estamos imediatamente em terreno mais claro. O relógio simboliza a espinha dorsal, ou, se preferirdes, o Tempo, escolhido como uma das condições de consciência. O camundongo é o Ego; Mus, “Mouse”, sendo apenas Sum, eu sou, soletrado ao contrário cabalisticamente.
Este Ego ou Prana ou Kundalini sendo impelido para cima ao longo da espinha, o relógio bate um, isto é, a dualidade da consciência é abolida. E a força desce novamente ao seu nível original.
“Hickory, dickory, dock” é talvez simplesmente o mantra que foi usado pelo Adepto que construiu esta rima, desta forma esperando fixá-la na mente dos homens, para que eles pudessem atingir Samadhi pelo mesmo método. Outros lhe atribuem um significado profundo – que é impossível considerar neste momento, pois devemos tratar agora de:
Humpty Dumpty estava sentado no muro;
Humpty Dumpty teve uma grande queda.
Todos os cavalos do Rei
E todos os homens do Rei
Não puderam colocar Humpty Dumpty de volta.
Isto é tão simples que quase não requer explicação. Humpty Dumpty é naturalmente o Ovo do Espírito, e o Muro é o Abismo.
Sua “queda” é, portanto, a descida do espírito a matéria; e é dolorosamente bem sabido que nem todos os cavalos nem todos os homens do rei podem colocar-nos de volta no alto.
Somente o Rei Ele Mesmo pode fazê-lo.
Mas a gente mal ousa comentar sobre um tema que foi tão frutuosamente tratado por Ludovicus Carollus aquele mui santo iluminado homem de Deus. Seu perito tratamento da identidade dos três caminhos recíprocos – de Daleth (ד), Teth (ט), e Peh (פ), é uma das mais maravilhosas passagens de toda Santa Cabala. A resolução por ele feita daquilo que nós supomos ser o jugo da escravidão em puro amor, o bordado colar honorifico para o pescoço, que nos é concedido pelo Rei Mesmo, é uma das passagens mais sublimes nesta classe de literatura.
Peter, Peter, comedor de abóbora
Tinha uma esposa e não podia conservá-la.
Ele a botou em uma casca de amendoim;
Então ele a conservou muito bem.
Este antigo texto autêntico da escola Hinayana de Budismo é muito estimado até hoje pelos mais cultos e mais devotos seguidores daquela escola.
Abóbora é, naturalmente, o símbolo de ressurreição, como é sabido por todos os estudantes da história de Jonas e da cabaça.
Peter é, portanto, o Arahat que pôs fim a sua série de ressurreições. Que ele é chamado Pedro é uma referência ao simbolismo de Arahats como pedras na grande muralha dos Guardiões da Humanidade. Sua esposa é naturalmente (no simbolismo usual) o seu corpo, à qual não podia conservar até que a colocou em uma casca de amendoim, o robe amarelo de um Bhikkhu.
Buda disse que se qualquer homem se tornasse um Arahat ele teria que tomar os votos de um Bhikkhu no mesmo dia, ou morrer; e é esta palavra de Buda que o desconhecido poeta queria comemorar.
Taffy era um homem do país de Gales,
Taffy era um ladrão;
Taffy, veio a minha casa
E roubou uma perna de boi.
Eu fui à casa de Taffy;
Taffy estava na cama.
Eu peguei uma faca
E cortei a cabeça de Taffy.
Taffy é apenas um diminutivo de Taphthartharath, o Espírito de Mercúrio e o Deus de homens no país de Gales ou ladrões.
“Minha casa” é naturalmente equivalente a “meu Círculo mágico”. Note que Beth (ב), a letra de Mercúrio e do “Mago”, significa “uma Casa”.
A carne é o símbolo do Boi Ápis, o Redentor. Isto é por tanto aquilo que está escrito: “Ó meu Deus, disfarça a Tua Glória. Vem como um Ladrão, e roubemos juntos os Sacramentos”.
No verso seguinte verificamos que Taffy “está de cama” devido a operação do Sacramento. A grande obra do alquimista foi terminada, o mercúrio está fixado.
Nós podemos, então, tomar a Santa Maga, e separar o Caput Mortuum 11) do Elixir. Alguns alquimistas creem que a perna de boi representa aquela densa substância que é embebida por Mercúrio para sua fixação; mas aqui, como sempre, deveríamos preferir a interpretação mais espiritual.
Adeus, Bebê Bunting
Papai foi caçar.
Ele foi buscar uma pele de coelho
Para embrulhar meu Bebê Bunting.
Esta é uma recomendação mística a alma recém-nascida para que fique quieta, para que mantenha firme em meditação; pois em Meus, Beth é a letra do pensamento e Yod (י) aquela do Eremita. A rima diz a alma que o Pai de Tudo a vestirá com seu próprio majestoso silêncio. Pois não é o coelho aquele que “se escondeu e ficou quietinho”?
Bate um bolo, bate um bolo, ajudante de padeiro
Assa-me um bolo tão depressa quanto possas.
Bate-o e fira-o e marca com P!
Assa-o no forno para o bebê e para mim.
Esta rima usualmente acompanhava (mesmo hoje em dia, no quarto das crianças) com um bater de palmas cerimoniais – o símbolo de Samadhi. Compare o que é dito sobre o assunto em nosso comentário da famosa passagem sobre o “Advento” na Epístola aos Tessalonicenses.
O Bolo é naturalmente o pão do Sacramento, e seria imodesto da parte de Frater Perdurabo se ele comentasse a terceira linha – se bem que podemos comentar que mesmo entre os Católicos Romanos a hóstia tem sido sempre marcada com um falo ou cruz.
Nota de Soror Virakam
Quase meia-noite. Neste momento nós interrompemos o ditado e começamos a conversar. Então Frater Perdurabo disse: “Oh, se eu apenas pudesse ditar um livro como o Tao Te Ching! Então ele fechou seus olhos, como se meditando. Um momento antes eu notara uma mudança no rosto dele, muito extraordinária, como se ele não fosse mais a mesma pessoa; de fato, nos dez minutos em que estivéramos conversando, ele havia parecido ser uma quantidade de pessoas diferentes. Eu notei especialmente que as pupilas dos olhos dele estavam tão alargadas que o olho inteiro parecia negro. (Eu tremo tanto e tenho uma sensação tal de trepidação por dentro, só de pensar em ontem à noite, que quase não posso escrever). Então, muito devagar, o quarto inteiro encheu-se de uma espessa lua amarela (de um dourado profundo, mas não brilhante. Entendo não como deslumbrante, mas brando). Frater Perdurabo pareceu ser uma pessoa que eu nunca houvera visto antes, mas, no entanto, parecia conhecer (conhecia?) muito bem – sua face, roupas e tudo mais eram desse mesmo amarelo. Eu estava tão perturbada que olhei para o teto para ver se descobria o que estava causando aquela luz; mas somente pude ver as velas. Então a cadeira na qual ele estava sentado pareceu erguer-se; e ia como um trono, e ele parecia estar ou morto ou dormindo; mas certamente não era mais Frater Perdurabo Isto me amedrontou, e eu tentei compreender olhando em volta do quarto; quando eu olhei de novo na direção dele a cadeira estava erguida, e ele estava ainda da mesma maneira. Eu percebi que eu estava só; e pensando que ele morrera, ou tinha partido – ou alguma outra coisa terrível – eu perdi os sentidos.
[Este discurso foi assim deixado de acabar; mas é apenas necessário acrescentar que a capacidade de extrair tal mel espiritual destas flores pouco promissoras é a marca de um Adepto que tornou perfeita a sua Taça Mágica. Este método de exegese cabalística é uma das melhores maneiras de exaltar a razão a consciência mais alta. Evidentemente o método estimulou Frater Perdurabo de tal forma que num instante ele se concentrou por completo e entrou em transe.]
Capítulo VIII: A Espada Mágica
A palavra do Senhor é rápida e poderosa, e mais afiada que uma espada de dois gumes.
Tal como a Baqueta é Chokmah, a Vontade, o Pai, e a Taça a Compreensão, a Mãe, Binah: assim também a Espada Mágica é a Razão “O Filho”, as seis Sephiroth de Ruach e nós veremos que o Pantáculo corresponde a Malkuth, “A Filha”.
A Espada é a faculdade analítica; dirigida contra qualquer Demônio, ataca a complexidade deste.
Somente o simples pode resistir à Espada. Como nós estamos abaixo do Abismo, esta arma é inteiramente destrutiva: Ela divide Satã contra Satã. É somente nas formas mais baixas de Magia, as formas puramente humanas, que a Espada se tornou uma arma tão importante. Uma Adaga deveria ser suficiente.
Mas a mente do homem normalmente é tão importante para ele que a espada é no presente a mais volumosa de suas armas; feliz daquele que pode fazer com que a adaga seja suficiente.
O punho da espada deveria ser feito de cobre.
A guarda é composta dos dois arcos da lua crescente e minguante – um de costas para o outro. Esferas são colocadas entre eles, formando um triângulo equilátero como a esfera na extremidade do punho.
A lâmina é reta, pontuda e afiada até a guarda. É feita de aço, para ser equilibrada com o punho, pois o aço é o metal de Marte, tal como o cobre é o metal de Vênus.
Estes dois planetas são macho e fêmea – e assim refletem a Baqueta e a Taça, se bem que num senso mais (muito) baixo.
O punho da Espada está em Daath, a guarda se estende para Chesed e Geburah, a ponta está em Malkuth. Alguns Magistas fazem as três esferas respectivamente de chumbo, estanho e ouro; as luas de prata, e o punho contendo mercúrio; assim eles tomam a Espada simbólica dos sete planetas. Mas isto é uma fantasia e afetação.
“Quem quer que empunhe a Espada morrerá pela espada” não é uma ameaça mística, é uma promessa mística. É a nossa complexidade que deve ser destruída.
Aqui está outra parábola. Pedro, a Pedra dos Filósofos, decepa a orelha de Malchus, o servo do Sumo Sacerdote (a orelha é o órgão do Espírito). Em análise a parte espiritual de Malchus deve ser separada desta pela Pedra Filosofal, e então Christus, o Ungido, as junta novamente. “Solvé et coagula” 12).
Note que isto acontece na hora da prisão de Cristo, que é filho, o Ruach imediatamente antes de sua crucificação.
A Cruz do Calvário deveria ser de seis quadrados, um cubo desdobrado, o qual cubo é esta mesma pedra filosofal.
Meditação revelará muitos mistérios que estão ocultos neste símbolo.
A Espada ou Adaga é atribuída ao Ar, que circula em toda parte, que penetra em toda parte, mas é instável; não um fenômeno sutil como o fogo, não uma combinação química como a água; mas uma mistura de gazes.
A Espada, por necessária que seja ao principiante, é uma arma grosseira.
Sua função é manter os inimigos à distância ou forçar uma passagem através deles – e se bem que deve ser brandida para ganharmos admissão ao palácio, ela não pode ser envergada durante o festim nupcial.
Poderíamos dizer que o Pantáculo é o pão da vida, e a Espada a faca que o corta. Devemos ter ideias, mas devemos criticá-las.
Espada é também aquela arma com a qual aterrorizamos os Demônios e os dominamos. Devemos manter o Ego senhor das impressões. Não devemos permitir que o círculo seja rompido pelo Demônio; não devemos permitir que qualquer ideia nos arrebate.
Será prontamente visto como tudo isto é elementar e falso – mas para principiantes é necessário.
Em toda lida com Demônios a ponta de Espada é mantida apontando para baixo; ela não deve ser usada para invocações, como é ensinado em certas escolas de magia.
Se a Espada é levantada em direção a Coroa, não é mais realmente uma Espada. A Coroa não pode ser dividida. Certamente a Espada não deveria ser levantada.
A Espada, porém, pode ser empunhada com ambas as mãos e mantida firme e ereta, simbolizando que o pensamento se tornou um com a aspiração única, e foi queimada como uma flama. Esta flama é Shin, o Ruach Alhim, não o mero Ruach Adam. A consciência divina, não a humana.
O Magista não pode manejar a Espada a não ser que a coroa esteja em sua cabeça.
Aqueles Magistas que tentaram fazer da Espada a única ou mesmo a principal arma, apenas destruíram a si mesmos, não pela destruição de combinação, mas pela destruição de divisão. A fraqueza vence a força.
O mais estável edifício político da história foi aquele da China, que estava baseado principalmente na política social, e o da Índia se tem provado suficientemente forte para absorver seus muitos conquistadores.
A Espada foi a grande arma do século passado. Toda ideia foi atacada por pensadores, e nenhuma ideia resistiu ao ataque. Daí a ruína presente da civilização.
Não sobrou nenhum princípio fixo. Hoje em dia todo estadismo construtivo é empirismo ou oportunismo. Tem sido duvidado se existe qualquer relação real entre Mãe e Prole, qualquer verdadeira diferença entre Macho e Fêmea.
A mente humana, em desespero, pressentindo insanidade iminente no estilhaçar destas imagens coerentes, tem tentado substituí-las por ideais que são salvos da destruição, no momento mesmo de nascerem, apenas pelo fato de serem extremamente imprecisos.
A Vontade do Rei, pelo menos, era fácil de ser determinada a qualquer momento; ninguém ainda descobriu um meio de determinar a vontade do povo.
Toda ação voluntária consciente é impedida; a marcha dos acontecimentos é agora apenas inércia.
Que o Magista considere estes fatos antes de empunhar a Espada. Que ele compreenda que o Ruach, esta combinação frouxa de seis Sephiroth, somente ligadas umas as outras pela conexão com a vontade humana em Tiphareth, deve ser rompido.
A mente deve ser decomposta em uma forma de insanidade antes que possa ser transcendida.
David disse: “Eu odeio pensamentos”.
O hindu disse: “Aquilo que pode ser pensado não é verdadeiro”.
Paulo disse: “A mente da carne é inimizade a Deus”.
E todo aquele que medita, mesmo por uma hora, cedo descobrirá como este lépido vento sem fito faz com que sua flama pisque. “O vento sopra aonde quer”. “O homem normal é menos que uma palha”.
A conexão entre o Alento e a Mente tem sido suposta por alguns como existente apenas em etimologia. Mas a conexão é mais verdadeira que isto.
Em qualquer caso, existe indubitavelmente uma conexão entre as funções respiratórias e mentais. O estudante verificará isto pela prática de Pranayama.
Através deste exercício certos pensamentos são barrados, e aqueles que mesmo assim vêm à mente vêm mais devagar, de forma que a mente tem tempo de perceber a falsidade deles e destruí-los.
Na lâmina da Espada Mágica está gravado o nome Agla, em Notariqon formada pelas iniciais da sentença Ateh Gibor Le-olahm Adonai, “A Ti seja o Poder através das Eras, oh meu Deus”.
E o ácido que come o aço deveria ser óleo de Vitríolo. Vitriol é um Notariqon de Visita Interiora Terræ Rectificando Invenies Occultum Lapidem. Isto quer dizer: “Pela investigação de tudo e pela colocação de tudo em harmonia e proporção você encontrará a pedra oculta”, a mesma pedra dos filósofos já mencionada, a qual vira tudo em ouro. Este óleo que pode comer o aço é, além disso, aquele de que está escrito, Liber LXV, I, 16: “Como um ácido morde o aço… assim sou Eu para o espírito do homem”.
Note como está estreitamente entrelaçado todo este simbolismo.
O centro do Ruach sendo o coração, é visto que esta Espada do Ruach deve ser mergulhada pelo Magista no seu próprio coração.
Mas existe uma tarefa subsequente, da qual é falado – Liber VII, V.47. “Ele esperará a espada do Bem-Amado e oferecerá sua garganta para o golpe.” Na garganta está Daath – o Trono de Ruach. Daath é o Conhecimento. Esta destruição final do Conhecimento sobre o portal da Cidade das Pirâmides.
Está também escrito – Liber CCXX, III.11: “Que a mulher esteja cingida com uma espada diante de mim”. Mas isto se refere a Sanna armando Vedana, a conquista de emoção pela clareza de percepção.
Também é dito, Liber LXV, V.14, da Espada de Adonai, “que tem quatro lâminas, a lâmina do raio, a lâmina do Pilono, a lâmina da Serpente, a lâmina do Falo.”
Mas esta Espada não é para o Magista ordinário. Pois esta é a Espada flamejante em toda direção que guarda o Éden, e nesta Espada a Baqueta e a Taça estão escondidas – de forma que embora o ser do Magista seja fulminado pelo Raio, e envenenado pela Serpente, ao mesmo tempo os órgãos cuja união é o supremo sacramento são deixados intactos nele.
À vinda de Adonai, o indivíduo é destruído em ambos os sensos. Ele é estilhaçado em mil pedaços, no entanto é simultaneamente unido ao simples 13)).
Disto também fala São Paulo em sua Epístola à igreja de Tessalonicenses:
“Pois o Senhor descerá do Céu, com um grito, com a voz do Arcanjo, e com a Trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo se erguerão primeiro. Então nós que estamos vivos e permanecemos seremos arrebatados com eles às nuvens para encontrar o Senhor no Ar; e assim estaremos para sempre com o Senhor”.
A estúpida interpretação deste verso como profético de uma segunda vinda não necessita nos preocupar; toda palavra dele é, no entanto, digna da mais profunda consideração.
“O Senhor” é Adonai – que é o hebreu para “meu Senhor”; e Ele desce do céu, o Éden superno, o Sahasrara Chakra no homem, com um “grito”, uma “voz” e uma “trompa”, novamente símbolos aéreos, pois é o ar que transmite o som. Estes sons referem-se àqueles ouvidos pelo Adepto no momento do arrebatamento.
Isto é muito acuradamente simbolizado no trunfo do Taro chamado “O Anjo”, que corresponde a letra Shin [ש], a letra do Espírito e do Alento.
A mente inteira do homem é rompida pela vinda de Adonai, e instantaneamente arrebatada à união com Ele – “No ar”, o Ruach.
Note que etimologicamente a palavra Samadhi, “junto com”, e o Sânscrito sam; e o hebreu adni é o sânscrito adhi.
A frase “com o Senhor” é então literalmente idêntica à palavra Samadhi, que é o nome Sânscrito para o fenômeno descrito por São Paulo, esta união do ego e do não-ego, sujeito e predicado, este casamento químico; é assim idêntica com o simbolismo da Rosa Cruz, sob um aspecto ligeiramente diverso.
E deste casamento só pode ocorrer entre um e um, é evidente que nenhuma ideia pode ser assim unida, a não ser que seja simples.
Portanto, toda ideia deve ser analisada pela Espada. Portanto, também, deve haver apenas um único pensamento na mente da pessoa que medita.
Podemos agora passar à consideração do uso da Espada na purificação de emoções em percepções.
Foi a função da Taça interpretar as percepções pelas tendências; a Espada livra as percepções da Teia da emoção.
As percepções são sem significado em si mesmas; mas as emoções são piores, pois elas levam sua vítima a supor que são significativas e verdadeiras.
Toda emoção é uma obsessão; a mais horrível das blasfêmias é atribuir qualquer emoção a Deus no macrocosmo, ou à alma pura no microcosmo.
Como pode aquilo que é auto existente, completo, ser movido? Está até escrito que “torsão em torno de um ponto é iniquidade”.
Mas se este ponto mesmo pudesse ser movido deixaria de ser o ponto, pois o único atributo do ponto é posição.
O Magista deve, portanto, se tornar absolutamente livre neste respeito.
A prática constante de Demônios é tentar aterrar, chocar, desgostar, seduzir. Contra tudo isto deve ele opor o Aço da Espada. Se ele se livrou da ideia do ego, esta tarefa será comparativamente fácil; se ele não se livrou assim, a tarefa será quase impossível.
Diz o Dhammapada:
Ele me abusou, ele me bateu, ele me roubou, ele me insultou:
Quem se permite tais pensamentos nunca deixará de odiar.
E este ódio é o pensamento que inibe o amor cuja apoteose é Samadhi.
Mas é demasiado esperar que o Magista noviço pratique apego ao que é desagradável; que ele primeiro se torne indiferente. Que ele se esforce por encarar fatos como fatos, com tanta simplicidade quanto ele os encararia se os fatos fossem históricos. Que ele evite uma interpretação imaginativa de quaisquer fatos. Que ele não se ponha no lugar das pessoas de quem os fatos são relatados; ou se ele assim faz, que isto seja feito apenas com a finalidade de compreender. Simpatia, indignação, elogio ou condenação, não tem lugar no observador.
Ninguém até hoje considerou a questão da quantidade e qualidade da luz fornecida por velas feitas de cristãos azeitados.
Quem sabe que pedaço do missionário ordinário é preferido pelos gastrônomos? É simples matéria de conjectura que católicos são mais gostosos que protestantes.
No entanto, estes pontos e outros do mesmo tipo são os únicos que têm qualquer importância no momento em que os eventos ocorrem.
Nero não considerou o que a posteridade ainda por nascer pensaria dele; e é difícil acreditar que os canibais calculem que a descrição de seus feitos incitará velhotas devotas a renovar-lhes a despensa.
Pouquíssimas pessoas já viram uma tourada. Um tipo de pessoa vai para ser excitado; outro tipo pelo prazer perverso que o horror real ou simulado lhe oferece. Pouca gente sabe que sangue fresco derramado à luz do sol é talvez a cor mais linda encontrada em estado livre na natureza.
É um fato notório que é praticamente impossível obter uma descrição que mereça confiança do que ocorre numa sessão espírita; as emoções nublam a visão.
Somente na absoluta calma do laboratório, onde o observador está perfeitamente indiferente ao que possa acontecer, preocupado apenas em observar o que é que acontece, medir e pesar o que acontece através de instrumentos incapazes de emoção, é que podemos começar a ter esperança de um registro verdadeiro dos acontecimentos. Mesmo as bases fisiológicas comuns da emoção, os sensos de prazer ou de dor, infalivelmente levam o observador a errar. Isto se bem que os sentidos possam não estar suficientemente excitados para lhe per turbar a mente.
Mergulhemos uma das mãos numa bacia cheia de água quente, a outra numa bacia cheia de água fria, depois ambas as mãos numa bacia de água morna; uma mão dirá quente, a outra frio.
Mesmo quando usamos instrumentos, as qualidades físicas destes, tais como expansão e contração (as quais podem ser chamadas, de certo modo, as raízes do prazer e da dor), causam erro.
Façamos um termômetro; o vidro fica tão excitado pela fusão necessária que ano após ano, durante trinta anos ou mais, a altura da coluna de mercúrio continuará a alterar-se; quanto mais então uma matéria tão plástica quanto a mente.
Não existe emoção que não deixe uma marca na mente; e todas as marcas são más. Esperança e medo são apenas fases opostas de uma emoção única; ambas são incompatíveis com a pureza da alma. Com as paixões do homem o caso é um pouco diverso, desde que elas são funções da própria vontade dele. As paixões devem ser disciplinadas, não suprimidas. Mas a emoção é impressa de fora para dentro. É uma invasão do Círculo.
Como é dito no Dhammapada:
Uma casa mal telhada está aberta à mercê de chuva e vento.
Assim a paixão tem poder para invadir uma mente irrefletida.
Uma casa bem telhada é à prova da fúria da chuva e do vento;
Assim, a paixão não tem poder para invadir uma mente bem ordenada.
Por tanto, que o estudante faça uma prática de observar as coisas que normalmente lhe causariam emoção; e que ele, tendo escrito uma cuidadosa descrição do que vê, compare tal descrição com aquela de alguma pessoa familiarizada com tal coisa.
Operações cirúrgicas e as bailarinas são excelentes escolhas para o principiante.
Ao ler livros emocionais do tipo que é infligido sobre crianças, que ele sempre se esforce por contemplar o evento do ponto de vista oposto àquele do autor. No entanto, que ele não emule aquela criança parcialmente emancipada que se queixou de uma gravura do Coliseu, que “havia um coitadinho de um leão que não tinha nenhum cristão para comer”, a não ser no primeiro caso. Crítica adversa é o primeiro passo; o segundo passo deve ir adiante.
Tendo simpatizado suficientemente tanto com os leões quanto com os cristãos, que ele abra seus olhos àquele fato que sua simpatia impediu-o de perceber até agora: que a gravura foi abominavelmente concebida, abominavelmente composta, abominavelmente desenhada e abominavelmente colorida, como seguramente será o caso.
Que, além disto, estude aqueles mestres, na ciência ou na arte que observaram com mentes imperturbadas por emoção.
Que ele aprenda a perceber idealizações, a criticá-las e corrigi-las.
Que ele compreenda a falsidade de Raphael, de Watteau, de Leighton, de Bouguereau, que ele aprecie a veracidade de John, de Rembrandt, de Titian, de O’Conor.
Estudos análogos em literatura e filosofia levarão a resultados análogos.
Mas que ele não negligencie a análise de suas próprias emoções; pois até que estas tenham sido conquistadas ele será incapaz de julgar outras.
Esta análise pode ser executada de diversas formas; um método é o materialismo. Por exemplo: se oprimido por um pesadelo, que ele explique: “Este pesadelo é uma congestão do cérebro”.
A maneira estrita de fazer isto através de meditação é – Mahasatipatthana, mas deve ser auxiliada a todo momento da vida diária pelo esforço por interpretar ocorrências com objetividade. A relatividade do valor delas, em particular, deve ser cuidadosamente considerada.
A sua dor de dentes não incomoda ninguém senão dentro de um Círculo muito limitado. Inundações da China significam para você apenas um parágrafo num jornal. A destruição do mundo, mesmo, não teria nenhum significado em Sirius. Não podemos sequer imaginar que os astrônomos de Sirius perceberiam uma perturbação tão insignificante.
Agora se considerarmos que mesmo Sirius é, tanto quanto você sabe, apenas uma, e uma das menos importantes, das ideias na sua mente, por que deverá aquela mente ser perturbada pela sua dor de dente? Não é possível elaborarmos este ponto sem tautologia, pois é um ponto muito simples; mas devemos dar-lhe ênfase, precisamente porque é muito simples. Au! Au! Au! Au! Au!
Na questão da ética, isto novamente se torna de importância vital, pois muita gente parece incapaz de ponderar os méritos de qualquer ato sem introduzir uma quantidade de assuntos completamente irrelevantes.
A Bíblia foi mal traduzida por letrados perfeitamente competentes, porque eles tinham que considerar a teologia da época. O mais flagrante exemplo é o “Cântico dos Cânticos”, de Salomão, uma típica peça de erotismo oriental. Mas como seria impossível permitir isto num “Livro Sagrado”, eles tentaram fazer de conta que a obra era simbólica.
Eles tentaram “refinar” a grosseria das expressões, mas mesmo seus esforços provaram ser incapazes disto.
Esta forma de desonestidade atinge o cume na expurgação dos clássicos. “A Bíblia é a Palavra de Deus, escrita por homens santos durante inspiração pelo Espírito Santo. Mas nós omitiremos essa passagem que consideramos impróprias.” “Shakespeare é o nosso maior poeta – mas, claro, ele é indecente.” Ninguém pode sobrepujar o lirismo de Shelley, mas devemos fazer de conta que ele não era um ateísta.
Alguns tradutores não puderam aturar que os chineses pagãos usassem a expressão shang ti, e fizeram de conta que a expressão não significa Deus. Outros, compelidos à admissão de que ela significava Deus, explicaram que o uso do termo demonstra que “Deus não se deixara sem testemunho mesmo nessa mais idólatra das nações. Eles foram misteriosamente compelidos a utilizar a palavra, sem compreenderem o seu significado.” Tudo isto por causa do preconceito emocional deles de que eram melhores que os chineses.
O mais flagrante exemplo disto está na história do estudo do Budismo.
Os primeiros letrados a estudar o Budismo, simplesmente não podiam compreender que o cânon Budista nega a existência da alma, considera o ego uma ilusão cansada por uma faculdade especial da mente doentia; não podiam conceber que o fito do Budista, Nibhana, fosse de qualquer forma diverso do fito deles mesmos, o “Céu”, a despeito da completa franqueza da linguagem em diálogo tais como aquele do Arahat Nagasena e o Rei Melinda; e as tentativas deles de adaptarem o texto aos seus preconceitos perdurarão como uma das grandes tolices dos sábios.
Da mesma forma é quase impossível para o cristão bem-educado o conceber Jesus Cristo comendo com os dedos. O entusiasta da temperança faz de conta que o vinho das Bodas de Canaã não continha álcool.
É uma espécie de silogismo doido.
Ninguém que eu respeito faz isto.
Eu respeito fulano.
Portanto, fulano não fez isto.
O moralista de hoje em dia fica furioso quando pessoas comentam o fato que praticamente todos os grandes homens da história eram “grossos” e notoriamente imorais.
Chega deste penoso assunto.
Enquanto nos esforçamos por adaptar fatos e teorias, em vez de adotarmos a atitude científica de alterar as teorias (quando necessário) para que se adaptem aos fatos, permaneceremos atolados em falsidade.
O religioso zomba do cientista por causa desta mente aberta, desta adaptabilidade. “Diga uma mentira e persista nela” é o lema dos religiosos.
Não é necessário explicar mesmo ao mais humilde estudante da Magia da Luz a que tende tal curso de ação.
Quer o Livro do Gênesis seja verdade, quer a geologia seja verdade, um geólogo que crê no Livro do Gênesis irá para Gehenna. “Não podeis servir Deus e Mammon.”
Capítulo IX: O Pantáculo
Tal como a Taça Mágica é a comida divina do Magus, o Pantáculo Mágico é a comida terrena dele.
A Baqueta era a sua força divina, e a Espada a sua força humana.
A Taça é oca para receber a influência do alto. O Pantáculo é plano como as planícies férteis da terra.
O nome Pantáculo implica uma imagem do Todo, onme in parvo 14), mas isto é através de uma transformação mágica do Pantáculo. Assim como tornamos a Espada simbólica de tudo pela força da nossa Magia, assim também nós trabalhamos sobre o Pantáculo. Aquilo que é meramente um pedaço de pão comum será o corpo de Deus.
A Baqueta era a vontade do homem, a sabedoria dele, o seu verbo; a Taça era a sua Compreensão, o veículo da graça; a Espada era sua Razão; e o Pantáculo será seu corpo, o Templo do Espírito Santo.
Qual o comprimento deste Templo?
Do Norte ao Sul.
Qual a largura deste Templo?
Do Leste ao Oeste.
Qual é a altura deste Templo?
Do Abismo ao Abismo.
Não existe, pois, qualquer coisa móvel ou imóvel sob os céus que não esteja incluída neste Pantáculo, se bem que ele seja apenas de “oito polegadas” de diâmetro, e da grossura de meia polegada.
O fogo não é de forma alguma matéria; a água é uma combinação de elementos; o ar é quase inteiramente uma mistura de elementos, a terra contém todos tanto em mistura quanto em combinação.
Assim deve ser com este Pantáculo, o símbolo da terra.
Tal como este Pantáculo é feito de pura cera de abelhas, não nos esqueçamos de que “tudo quanto vive é santo”.
Todos os fenômenos são sacramentos. Todo fato, e mesmo toda falsidade, deve entrar no Pantáculo; ele é o grande depósito do qual o Magista tira aquilo de que necessita.
“Nos bolos castanhos de trigo provaremos da comida do mundo e seremos fortes” 15).
Quando falamos do Cálice, foi mostrado como todo fato deve ser tornado significativo, como toda pedra deve ter seu lugar próprio no mosaico. Ai se houver uma pedra fora do lugar. Mas aquele mosaico não pode ser construído, quer bem quer mal, a não ser que toda pedra ali esteja.
Estes pedras são as únicas impressões ou experiências; nenhuma pode ser renunciada.
Não recuse coisa alguma só porque você sabe que é a Taça de veneno oferecida pelo seu inimigo; beba confiantemente; é ele quem cairá morto.
Como posso eu dar à arte do Camboja seu devido lugar no estudo da arte, se eu nunca ouvi falar do Camboja? Como pode o geólogo avaliar a idade daquilo que jaz debaixo do giz, a não ser que ele possua um tipo de conhecimento sem qualquer relação com a geologia: a história da vida dos animais dos quais aquele giz é o que resta?
Esta, pois, é uma dificuldade muito grande para o Magista Ele não pode abarcar a soma total de experiências possíveis e se bem que ele pode se consolar filosoficamente com a ideia de que o Universo é coincidente com aquela experiência que ele tem, ele verificará que esta experiência cresce tão rapidamente durante os primeiros anos de sua vida que ele quase será tentado a crer na possibilidade de experiência além das dele mesmo; e do ponto de vista prático ele se verá confrontado por tantas avenidas de conhecimento que ele ficará sem saber qual escolher entre elas.
O asno confundiu-se entre dois chumaços de capim; quanto mais àquele maior asno, aquele incomparavelmente maior asno, entre dois mil.
Felizmente, isto não tem muita importância; mas ele deveria pelo menos escolher aqueles ramos de conhecimento que lidam diretamente com problemas de ordem universal.
Ele deveria escolher não um ramo apenas, mas vários; e estes deveriam ser tão diversos uns dos outros quanto possível.
É importante que ele cultive excelência em algum esporte; e que esse esporte seja o mais bem calculado para manter o corpo dele em bom estado de saúde.
Ele deveria ter uma sólida base de estudos dos clássicos, da matemática e da ciência; também, suficiente conhecimento geral das línguas modernas e das maneiras de vida para lhe permitir viajar em qualquer parte do mundo com facilidade e segurança.
História e Geografia ele pode assimilar quanto e como lhe convenha; e o que mais deveria interessá-lo em qualquer assunto são os laços deste com algum outro assunto, para que o seu Pantáculo não seja sem aquilo que pintores chamam de “composição”.
Ele perceberá que, não importa quão boa seja sua memória, dez mil impressões entram sua mente para cada uma que ele é capaz de reter por um dia que seja. E a excelência de uma memória jaz na sabedoria de sua seleção.
As melhores memórias selecionam e julgam de tal forma que praticamente nada é retido, a não ser que tenha alguma coerência com o plano geral da mente.
Sigilum Dei Æmeth
O Sigilum Dei Æmeth, um Pantáculo feito pelo Dr. John Dee.
Todos os Pantáculos conterão as concepções ultimais do Círculo e da Cruz; se bem que alguns preferirão substituir a cruz por um ponto, ou por um Tau, ou por um Triângulo. A vesica piscis é algumas vezes usada em vez do Círculo, ou o Triângulo pode ser simbolizado como uma serpente. Tempo e Espaço e a ideia da causalidade são algumas vezes representadas; assim também os três estágios na História da Filosofia, em que os três assuntos de estudo foram sucessivamente a Natureza, Deus e o Homem.
A dualidade da consciência é também algumas vezes representada; e a Árvore da Vida mesma pode ali ser figurada, ou as categorias. Um emblema da Grande obra deve ser adicionado. Mas o Pantáculo será imperfeito a não ser que cada ideia seja contrastada de uma maneira equilibrada com o seu oposto, e a não ser que haja uma conexão necessária entre cada par de ideias e de todos outros pares:
O Neófito talvez faça bem em executar os primeiros esboços do seu Pantáculo de forma muito ampla e complicada, simplificando subsequentemente, nem tanto por exclusão, mas por combinação, da mesma forma que um zoologista, começando com os quatro grandes Símios e o Homem, os combina a todos na palavra única: “primatas”.
Não é prudente simplificar demasiado, desde que o definitivo hieróglifo deve ser um infinito. A última resolução não tendo sido executada, seu símbolo não deve ser representado.
Se qualquer pessoa conseguisse acesso a V.V.V.V.V. 16) e lhe solicitasse discursar sobre qualquer assunto, é quase certo que ele poderia fazê-lo apenas através de um silêncio ininterrupto; e mesmo isto poderia não ser por completo satisfatório, desde que o Tao Te Ching diz que o Tao não pode ser declarado, quer pelo silêncio, quer pela fala.
Nesta tarefa preliminar de coligir materiais, a ideia do Ego não é de grande importância; todas as impressões são fases do não-ego, e o Ego serve apenas de receptáculo. De fato, para a mente bem treinada, não existe dúvida de que as impressões são reais, e de que a mente, se não é uma tábua rasa, só não é assim por causa das “tendências” ou “ideias inatas” que impedem certas ideias de serem recebidas com a mesma facilidade que outras.
Estas tendências devem ser combatidas; fatos desagradáveis devem ser insistentemente considerados até que o Ego seja perfeitamente indiferente quanto à natureza de sua comida.
Mesmo como o diamante brilhará vermelho para a rosa e verde para a folha da roseira, assim tu permanecerás à parte das impressões.
Esta grande tarefa de separar o ser das impressões ou “Vrittis” é um dos muitos significados do aforismo “Solve”, correspondendo ao “Coagula” implicado em Samadhi; e este Pantáculo, portanto, representa tudo que nós somos, a resultante de tudo que nós temos tendências a ser.
No Dhammapada lemos:
Tudo que nós somos resulta da mente; na mente é fundado, construído da mente;
Quem fala ou pensa maus pensamentos, dor o segue certa e cega.
Assim o boi planta seu pé, e a roda da carroça o segue.
Todos nós somos resultados da mente, e na mente está fundado, construído da mente;
Quem age ou pensa com pensamento correto, a felicidade certamente o segue.
Da mesma forma não deixa a sombra decair no seu lugar próprio.
O Pantáculo é então, em certo senso, idêntico com o Karma ou Kamma do Magista.
O Carma de um homem é o seu livro de contas. O balanço não foi ainda estabelecido, e ele não sabe quanto é; ele nem sequer sabe bem que dívida ele poderá ter que pagar, ou quais lhe são devidas; nem sabe em quais datas mesmo esses pagamentos que ele prevê poderão vir a ser cobrados.
Um negócio conduzido em tais linhas estaria numa confusão terrível; e nós verificamos que de fato o homem comum está justamente numa tal confusão. Enquanto ele trabalha de noite em algum detalhe sem importância dos seus negócios, alguma força gigantesca pode estar avançando pede claudo para ele.
Muitos dos lançamentos neste “livro de contas” são para o homem ordinário necessariamente ilegíveis; o método de lê-los é dado naquela importante instrução da A∴A∴A∴A∴ chamada “Thisharb”, Liber CMXIII.
Agora, considere que este Carma é tudo que um homem tem ou é. Seu definitivo objetivo é livrar-se disto por completo – quando chega a hora de entregar o Ente ao Bem Amado; mas a princípio o Magista não é aquele Ente; ele é apenas o monturo de lixo do qual aquele Ente será construído. Os instrumentos mágicos têm que ser feitos antes que possam ser construídos.
Esta ideia de Carma tem sido confundida por muita gente que deveria ter mais senso, inclusive o Buda, com ideias de justiça poética e retribuição.
Nós temos a história de um dos Arahats do Buda que, sendo cego, ao andar de um lado para outro, matou sem saber certo número de insetos. (Os Budistas consideram a destruição de vida como a mais chocante dos crimes). Seus irmãos Arahats inquiriram como isto pôde acontecer, e o Buda inventou para eles uma longa história de como, numa encarnação prévia, aquele indivíduo maliciosamente privara uma mulher do senso de visão. Isto é apenas uma história de fadas, um lobisomem para amedrontar crianças, e provavelmente a pior maneira de influenciar mentes jovens que já foi inventada pela estupidez humana.
O Carma não trabalha absolutamente dessa forma.
Em qualquer caso, parábolas morais devem ser cuidadosamente construídas, ou podem provar que são um perigo para aqueles que as usam.
Vocês devem se recordar do apólogo da Paciência e da Paixão, por Bunyan: a malvada paixão brincou com todos os seus brinquedos e quebrou-os; a bondosa Paciência guardou os seus com todo cuidado. Bunyan se esquece de mencionar que quando a Paixão quebrou seus brinquedos, ela já crescera além deles.
O Carma não age desta forma, “olho por olho, dente por dente”, etc. Um olho por um olho é uma espécie primitiva de justiça; e a ideia de justiça, no nosso senso humano da palavra é completamente estranha à constituição do Universo.
Carma é a Lei de Causa e Efeito. Não existe proporção em suas operações. Uma vez um acidente ocorre, é possível prevermos o que poderá acontecer; e o Universo é um estupendo acidente.
Nós saímos para tomar chá mil vezes seguidas sem nenhum incidente; e na milésima primeira vez encontramos alguém que muda radicalmente o curso de nossas existências.
Existe uma espécie de senso em que toda impressão impingida sobre nossas mentes é a resultante de todas as forças do passado; nenhum incidente é tão significante que não tenha de alguma forma moldado a nossa disposição. Mas não existe nada dessa crua ideia de “retribuição” nisto.
Nós podemos matar cem mil piolhos no curso de uma breve hora ao pé do Glacial Baltoro, como Frater Perdurabo fez certa vez. Seria estúpido supor, como Teósofos desejam, que esta ação nos condena a sermos mortos por um piolho cem mil vezes.
Este livro de contas do Carma é conservado separado do Livro de lançamentos diários; e com respeito ao volume, este livro de lançamentos diários é bem maior que o livro de contas. Se comermos salmão em demasia, teremos indigestão e talvez um pesadelo. É tolo supormos que chegará um dia em que um salmão nos comerá, e ficará indisposto.
Por outro lado, nós constantemente somos terrivelmente punidos por atos que não são de forma alguma culpa nossa. Mesmo as nossas virtudes provocam a natureza insultada à vingança.
O Carma cresce do que se alimenta; e se vamos criar bem o nosso Carma, necessitamos lhe fiscalizar a dieta.
Na maioria das pessoas, seus atos cancelam uns aos outros; tão cedo algum esforço seja feito, é contrabalançado pela preguiça. Eros é substituído por Anteros.
Nem sequer um homem em cada mil escapa mesmo aparentemente dos lugares comuns da vida animal.
O nascimento é dor;
A vida é dor
Dolorosa são a velhice, a doença e a morte;
Mas ressurreição é a maior miséria.
“Oh que miséria nascer incessantemente”. Como disse Buda.
Nós capengamos de dia a dia com um pouco disto e um pouco daquilo, uns poucos bons pensamentos e uns poucos pensamentos maldosos; nada realmente é feito. Corpo e mente mudam inexoravelmente, e estão completamente mudados ao cair da noite. Mas que significado tem qualquer parte desta mudança?
Quantos podem olhara para traz, contemplar o curso dos anos, e concluir que avançaram em qualquer direção definida? Em quão pouca é aquela mudança, tal qual ela é, uma variável com inteligência e volição conscientes. O peso morto das condições originais sob as quais nós nascemos é muito maior que todo nosso esforço. As forças inconscientes são incomparavelmente maiores que aquelas das quais nós temos qualquer conhecimento. Esta é a solidez do nosso Pantáculo, o Carma de nosso planeta que nos impele, queiramos ou não, em torno do seu eixo à velocidade de mil milhas por hora. E mil é Aleph, um Aleph maiúsculo, o microcosmo do ar que vagabundeia em toda parte, “o Tolo” do Tarô, a ausência de objetivo e a fatalidade das coisas.
É, pois, muito difícil de qualquer forma construir este pesado Pantáculo.
Nós podemos gravar letras sobre ele com a Adaga; mas elas durarão pouco mais do que durou a estátua de Ozymandias, Rei dos Reis no meio do deserto sem fim.
Nós cortamos uma figura no gelo; ela é apagada em uma manhã pelos sulcos de outros patins; nem fez aquela figura mais que arranhar a superfície do gelo; e o gelo, ele mesmo, derrete-se diante do sol. Em verdade o Magista pode se desesperar quando é hora de fazer o Pantáculo. Todos possuem o material, o de um homem é tão bom quanto o de qualquer outro, ou quase; mas para que aquele Pantáculo seja de qualquer forma construído com um propósito voluntário, ou mesmo com um propósito inteligível, ou mesmo com um propósito conhecido:
Hic Opus. Hic labor est 17). E em verdade o trabalho de subir do Averno, e escapar ao campo aberto.
A fim de fazer isto, é muito necessário que compreendamos nossas tendências, e que nos decidimos a desenvolver umas, a destruir outras. E se bem que todos os elementos no Pantáculo devem no final ser destruídos, no entanto alguns nos auxiliarão ativamente a atingir uma posição da qual esta tarefa de destruição se torna possível e não existe qualquer elemento ali que não possa ser ocasionalmente útil.
E, portanto, – cuidado. Seleciona. Seleciona. Seleciona.
Este Pantáculo é um depósito infinito; sempre haverá coisas ali quando forem necessárias. Nós devemos de vez em quando apará-las e evitar que deem traças, mas usualmente estaremos demasiado atarefados para mais que isto. Lembremo-nos de que ao viajar da terra para as estrelas não nos atrevemos a estar carregados com demasiada bagagem.
Nada que não seja uma parte necessária da máquina deve entrar em sua composição.
Agora, se bem que este Pantáculo é composto apenas de aparências, algumas aparências parecem ser mais falsas do que outras.
O universo inteiro é uma ilusão; mas é uma ilusão difícil de nos livrarmos dela. É verdadeiro comparado com a maioria das coisas. Mas noventa e nove em cada cem impressões são falsas mesmo em relação às coisas em seu próprio plano.
Tais distinções devem ser profundamente gravadas sobre a superfície do Pantáculo pela Santa Adaga.
Resta agora apenas um entre os instrumentos elementais a ser considerado, a saber, a Lâmpada.
Capítulo X: A Lâmpada
Em Liber A vel Armorum, a instrução oficial da A∴A∴A∴A∴ para o preparo das armas elementais, está escrito que cada representação simbólica do Universo deve ser aprovado pelo Superior do Magista. A esta regra, a Lâmpada é uma exceção; é dito:
“… uma Lâmpada Mágica que queimará sem pavio ou óleo, sendo alimentada pelo Æthyr. Isto ele fará secretamente à parte, sem pedir conselho do seu Adeptus Minor.”
Esta Lâmpada é a luz da alma pura; ela não tem necessidade de combustível. Ela é a Sarça Flamejante inconsumível que Moisés viu, a imagem do Altíssimo.
Esta Lâmpada está pendurada sobre o Altar, não é sustentada por algo abaixo dela; sua luz ilumina o Templo inteiro, no entanto nenhuma sombra cai sobre ela, nenhum reflexo. Ela não pode ser tocada, não pode ser extinta, não pode ser mudada de nenhuma forma; pois está completamente à parte de todas aquelas coisas que têm complexidade, que têm dimensão, que mudam e podem ser mudadas.
Quando os olhos do Magus são fixados sobre esta Lâmpada, nada mais existe.
Os instrumentos jazem sem uso no Altar; somente aquela Luz queima para sempre.
A Divina Vontade que era a Baqueta não mais é; pois o caminho se tornou um com o Fito.
A Divina Compreensão que era a Taça não mais é; pois o Sujeito e o Objeto da Inteligência são um.
A Divina Razão que era a Espada não é mais; pois o complexo foi resolvido no Simples.
E a Divina Substância que era o Pantáculo não mais é; pois os muitos se tornaram Um.
Eterna, ilimitada, inextensa, sem causa e sem efeito, a Santa Lâmpada misteriosamente brilha. Sem quantidade ou qualidade, não condicionada e sempiterna, é esta Luz.
Não é possível a qualquer pessoa aconselhar ou provar; pois esta Lâmpada não é feita pela mão humana; ela existe sozinha para sempre; não tem partes, ou personalidade; é antes do “Eu Sou”. Poucos podem contemplá-la; no entanto está sempre ali. Para ela não há aqui e nem ali, nem então nem agora todas as partes da linguagem estão abolidas, a não ser o substantivo; e este substantivo não é encontrado quer na fala humana, quer na fala divina. É a Palavra Perdida, cujo sétuplo eco iao e aum são a música moribunda. Sem esta Luz o Magista não poderia trabalhar; no entanto poucos são os Magistas que souberam dela, e menos ainda aqueles que contemplaram seu brilho.
O Templo e tudo nele deve ser repetidamente destruído antes que se torne digno de receber aquela Luz. Daí parecer tão frequentemente que o único conselho que qualquer instrutor pode dar a um discípulo é que destrua o Templo.
Tudo que você tem e tudo que você vê são véus diante daquela Luz.
No entanto, em um assunto tão importante, qualquer conselho é vão. Não existe nenhum Mestre tão grande que ele possa apreender claramente o caráter inteiro de um discípulo. O que lhe foi de auxílio no passado pode ser no futuro um obstáculo para outro.
No entanto, desde que o Mestre está jurado a servir, ele pode assumir seu serviço nestas simples linhas: Uma vez que todos os pensamentos são véus diante desta Luz, ele pode aconselhar a destruição de todos os pensamentos; e para este fim ele pode ensinar aquelas práticas que claramente conduzem a tal destruição!
Estas práticas, felizmente, foram agora escritas em linguagem clara e simples por ordem da A∴A∴A∴A∴.
Nestas instruções, a relatividade e limitação de cada prática é claramente ensinada, e toda interpretação dogmática é cuidadosamente evitada. Cada prática é em si um Demônio que deve ser destruído; mas para destruí-lo é primeiro necessário evocá-lo.
Vergonha sobre aquele Mestre que evita qualquer destas práticas, por mais desagradável ou inútil que ela seja para ele. Pois no conhecimento detalhado dela, que somente a experiência lhe outorgará, pode estar sua oportunidade de ser de crucial auxílio a algum discípulo. Por tediosa que seja a rotina, ela deve ser aturada. Se fosse possível nos arrependermos do que quer que seja na vida, poderia ser das horas que desperdiçamos em práticas frutuosas, horas que poderiam ter sido mais lucrativamente empregadas em práticas estéreis; pois Nemo 18), ao cuidar do seu jardim, não busca distinguir a flor que será Nemo após ele. E não nos é dito que Nemo poderia ter usado outras coisas que aquelas que ele usa; parece possível, que se ele não tivesse o ácido ou a faca, ou o fogo, ou o óleo ele poderia não ter com que cultivar precisamente aquela flor que deveria ser Nemo após ele.
Capítulo XI: A Coroa
A Coroa do Magista representa a Consecução de sua Obra. É uma banda de ouro puro, na frente da qual estão três Pentagramas, e nas costas da qual está um Hexagrama. O Pentagrama central contém um diamante ou uma grande opala; os outros três símbolos contém o Tau. Em volta desta Coroa está enrolada a áurea serpente Uræus, com cabeça ereta e capelo inflamado. Sob a Coroa está o gorro carmesim de suporte, que cai sobre os ombros.
Em vez disto, a Coroa Ateph de Thoth é algumas vezes usada; pois Thoth é o Deus de Verdade, de Sabedoria, e o Instrutor de Magia. A Coroa Ateph tem dois chifres de carneiro selvagem, mostrando energia, domínio, a força que quebra obstáculos, o signo da primavera. Entre estes chifres está o disco do sol; disso nasce um Lótus sustentado pelas plumas gêmeas da verdade, e três outros discos solares estão levantados, um na corola do Lótus, os outros sob as plumas que se curvam.
Existe ainda outra Coroa, a Coroa de Amoun, o oculto, de quem os Hebreus tiraram sua palavra sagrada “Amém”. Esta Coroa consiste simplesmente das plumas da verdade. Mas não é necessário entrarmos no simbolismo destas, pois tudo isto e mais está na Coroa que foi primeiramente descrita.
O gorro carmesim implica ocultamente, e é também simbólico do dilúvio de glória que desce sobre o Magista do Altíssimo. É de veludo para a maciez daquele beijo divino, e carmesim porque o que lhe dá vida é o vero sangue de Deus. A banda de ouro é o círculo eterno de perfeição. Os três pentagramas simbolizam o Pai, o Filho e o Espírito Santo, enquanto que o Hexagrama representa o Magista mesmo.
Ordinariamente, Pentagramas representam o microcosmo, Hexagramas o macrocosmo; mas aqui o reverso é o caso, porque nesta Coroa de perfeição aquilo que está embaixo se tornou aquilo que está em cima, e aquilo que está em cima se tornou aquilo que está embaixo. Se um diamante é usado, é para simbolizar a Luz que é antes de toda manifestação em forma; se uma opala, é para comemorar aquele sublime plano do Todo, dobrar-se e desdobrar-se em êxtase eterna, manifestar-se como os Muitos para que os Muitos possam se tornar o Um Imanifesto. Mas este assunto é demasiado extenso para um tratado elementar sobre a Magia.
A Serpente que está enrolada em volta da Coroa significa muitas coisas; ou antes, uma coisa de muitas maneiras diversas. É o símbolo de realeza e iniciação, pois o Magista é ungido Rei e Sacerdote. Ela também representa Hadit, de quem podemos aqui apenas citar estas palavras: “Eu sou a secreta Serpente enrodilhada a ponto de pular; em minhas roscas há alegria. Se eu levanto minha cabeça, Eu e minha Nuit somos um; se Eu baixo minha cabeça, e jorro veneno, então há ruptura da terra, e Eu e a terra somos um”.
A Serpente é também a serpente Kundalini, a força mágica em si, o aspecto manifestado da Divindade do Magista, cujo aspecto imanifesto é paz e silêncio, para o que não existe símbolo.
No sistema hindu a Grande Obra representada dizendo-se que esta Serpente, que normalmente está enrodilhada na base da espinha, levanta-se com seu capelo sobre a cabeça do Iogue, par ali se unir com o Senhor do todo.
A serpente é também aquele que envenena. E aquela força que destrói o Universo manifestado. Isto é também a serpente de esmeralda que circunda o Universo 19). Este assunto deve ser estudado em Liber LXV, onde é incomparavelmente discutido. No capelo desta serpente há seis joias, três de cada lado: Rubi, Esmeralda e Safira, os três santos elementos tornados perfeitos, em equilíbrio dos dois lados.
Capítulo XII: O Robe
O Robe do Magista pode ser variado de acordo com seu grau e a natureza do seu trabalho.
Há dois Robes principais, o branco e o preto; destes, o preto é mais importante que o branco, pois o branco não tem capuz. Estes Robes podem ser variados pela adição de vários símbolos, mas em qualquer caso a forma do Robe é um Tau.
O simbolismo geral que adotamos nos leva, no entanto, a preferir a descrição de um Robe que poucos ousam envergar. Este Robe é de uma rica seda azul profundo, o azul da noite estrelada: está bordado com estrelas douradas, e com rosas e lírios. Em volta da fímbria, sua cauda em sua boca, está a grande serpente, enquanto sobre a frente, do pescoço à barra, cai a flecha descrita na Visão do Quinto Æthyr.
Este Robe está forrado com seda púrpura na qual está bordada uma serpente verde enrodilhada do pescoço à barra, O simbolismo deste Robe trata de altos mistérios que devem ser estudados em Liber CCXX e Liber CDXVIII; mas tendo assim tratado de Robes especiais, consideremos agora o uso do Robe em geral.
O Robe é aquilo que oculta, e que protege o Magista dos elementos; é o silêncio e segredo com os quais ele trabalha, seu ocultamento na vida secreta da Magia e Meditação. Isto é o “retiro no deserto” que encontramos na vida de todos os homens do mais elevado tipo de grandeza. E é também o retiro de nós mesmos da existência como tal.
Em outro senso, é a “Aura” do Magista, aquele ovo ou invólucro invisível que o rodeia. Esta “Aura” deve ser brilhante, elástica, impenetrável mesmo pela Luz; isto é por qualquer luz parcial que venha de uma direção apenas.
A única luz do Magista vem da Lâmpada pendurada acima de sua cabeça quando ele está de pé no centro do Círculo; e o Robe sendo aberto no pescoço, não opõe obstáculo à passagem desta luz. E sendo aberto, e bem aberto, embaixo, ele permite que aquela luz passe e ilumine aqueles que estão sentados na escuridão e na sombra da morte.
Capítulo XIII: O Livro
O Livro de Encantos ou Conjurações é o Registro de todo pensamento, palavra e ato do Magista; pois tudo que ele quis, ele quis com um propósito. E o mesmo que se ele tivesse jurado executar alguma coisa.
Agora, este Livro deve ser um Livro Santo; não um livro de notas no qual você escreve tudo quanto é tolice que lhe vem à cabeça. Está escrito, Liber VII, V.22, 29: “Todo alento, toda palavra, todo pensamento, toda ação é um ato de amor Contigo. Seja esta devoção um potente encantamento para exorcizar os Demônios das Cinco”.
Este Livro deve então assim ser escrito: Em primeiro lugar o Magista deve executar a prática dada em Liber CMXIII até que ele compreenda perfeitamente quem ele é, e a que seu desenvolvimento necessariamente tenderá. Isto para a primeira página do Livro.
Que ele tome cuidado de não escrever coisa alguma ali que seja desarmoniosa ou mentirosa. Nem pode ele evitar escrever, pois este é um Livro Mágico. Se você abandona mesmo por uma hora o propósito único de sua vida, você encontrará um número de arranhões sem significado e rabiscos no pergaminho branco, e estes não podem ser apagados. Em tal caso, quando você for conjurar um Demônio pelo Poder do Livro, ele zombará de você; ele apontará toda essa escritura tola, mais parecida com a ele que com a sua. Em vão prosseguirá com os encantamentos subsequentes; você quebrou por sua própria tolice a cadeia que o teria aprisionado.
Mesmo a caligrafia do Livro deve ser firme, clara e bela; na nuvem de incenso é difícil ler as conjurações. Enquanto você força a vista através da fumaça, o Demônio desaparecerá, e você terá que escrever a terrível palavra “fracasso”.
E, no entanto, não existe página deste livro na qual esta palavra não esteja escrita; mas enquanto ela é imediatamente seguida por uma nova afirmação nem tudo está perdido; e assim como neste Livro a palavra “Fracasso” é desta maneira tomada de pouco importância, assim também nunca deve a palavra “Sucesso” ser empregada, pois é a última palavra que pode ser escrita ali, e é seguida por um ponto final.
Este ponto final jamais pode ser escrito em qualquer outro lugar; pois a escritura deste Livro continua eternamente; não existe maneira de fechar o registro até que a meta de tudo tenha sido alcançada. Que cada página deste Livro esteja cheia de canto – pois é um Livro de Encantamento.
As páginas deste Livro são de pergaminho virgem, tirado do novilho que é engendrado em Ísis-Hathor, a Grande Mãe, por Osíris-Ápis, o Redentor. E encadernado de couro azul no qual a palavra Thelema [ΘΕΛΗΜΑ] está escrita em ouro. Que a pena com a qual a escritura é feita seja a pena de um jovem cisne macho – o cisne cujo nome é aum. E que a tinta seja feita de biles de um peixe, o peixe Oannes.
Até aqui o que diz respeito ao Livro.
Capítulo XIV: A Campainha
O melhor é pendurar a Campainha Mágica na Corrente. Em alguns sistemas de Magia um número de campainhas é usado, costuradas na orla do Robe, a ideia sendo simbolizar que cada movimentos do Magista deve produzir música. Mas a Campainha de que falaremos é um instrumento mais importante. Esta Campainha chama e alarma; e é também aquela Campainha que soa no momento de elevar a Hóstia.
É também a “Campainha Astral” do Magista.
A Campainha de que nós falamos é um disco de aproximadamente duas polegadas de diâmetro, ligeiramente curvado em uma forma não muito diversa daquela de um címbalo. Um buraco no centro permite a passagem de uma curta tira de couro, pela qual a Campainha pode ser ligada à cadeia. Na outra extremidade da cadeia está o percursor, que no Tibete é usualmente feito de osso humano.
A Campainha mesma feita de electrum magicum, uma liga “dos sete metais” misturados de maneira especial. Primeiro o ouro é derretido com a prata durante um aspecto favorável do sol e da lua; então estes são fundidos com estanho quando Júpiter está bem dignificado. Chumbo é acrescentado sob um Saturno auspicioso; e assim Mercúrio, Cobre e Ferro, quando Mercúrio, Vênus e Marte são de bom augúrio.
O som desta Campainha é indescritivelmente dominante, solene e majestoso. Sem sequer a desarmonia mais diminuta, suas notas solitárias soam mais e mais fracamente até o silêncio. Ao som desta Campainha o Universo cessa por um indivisível momento de tempo, e atende à Vontade do Magista. Que ele não interrompa o soar desta Campainha. Que isto seja aquilo que está escrito, Liber VII, V.31: “Há uma solenidade do silêncio. Não existe mais voz de todo”.
Como o Livro Mágico era o registro do passado, assim é a Campainha Mágica a profecia do futuro. O manifestado se repetirá de novo e de novo, sempre uma clara nota fina, sempre uma simplicidade de música; no entanto cada vez menos perturbando o silêncio infinito até o fim.
Capítulo XV: O Lámen
Imagem: O Lamen do Mestre Therion.
O Lamen do Mestre Therion.
O peitoral ou Lamen do Magista é um símbolo muito elaborado e muito importante. No sistema judeu nós lemos que o Alto Sacerdote deveria usar uma placa com doze pedras, para as Doze Tribos de Israel (com todas suas correspondências); e nesta placa eram guardados o Urim e o Thumim.
O moderno Lamen, no entanto, é uma simples placa que (sendo usada sobre o coração) simboliza Tiphareth, e deveria, portanto, ser uma harmonia de todos os outros símbolos em um só. Ele se relaciona naturalmente por sua forma com o Círculo e o Pantáculo, mas não é suficiente repetir o desenho de qualquer dos dois.
O Lamen do espírito que desejamos evocar é ao mesmo tempo colocado no triângulo e usado sobre o peito; mas no caso presente, desde que aquilo que desejamos evocar não é uma coisa parcial, mas sim inteira, nós teremos apenas um símbolo único para combinar o Círculo e o Pantáculo. A Grande obra será então assunto do desenho.
Neste Lamen o Magista deve colocar as chaves secretas do seu poder.
O Pantáculo é meramente o material a ser trabalhado, reunido e harmonizado, mas não ainda em operação, as partes da máquina arranjadas para uso, ou mesmo juntadas, mas não ainda postas em movimento. No Lamen estas forças já estão trabalhando; mesmo a consecução está prefigurada.
No Sistema de Abramelin, o Lamen é uma placa de prata sobre a qual o Sagrado Anjo Guardião escreve com orvalho, esta é outra forma de expressar a mesma coisa; pois é Ele quem confere os segredos daquele poder que deveria ser ali expressos. São Paulo diz a mesma coisa quando escreve que o peitoral é a fé e pode arrastar os dardos flamejantes dos malvados. Esta fé não é cega autoconfiança e credulidade; é aquela autoconfiança que só vem quando o ego é esquecido.
É o “Conhecimento e Conversação do Sagrado Anjo Guardião” que confere esta fé. A tarefa de atingir este Conhecimento e Conversação é a única tarefa daquele que quereria ser chamado Adepto. Um método absoluto de conseguir isto é dado no Oitavo Æthyr (Liber CDXVIII 57, Equinox V).
Imagem: Exemplo de um desenho para o Lamen
Exemplo de um desenho para o Lamen.
Capítulo XVI: O Fogo Mágico, com Considerações Sobre o Turíbulo, o Carvão e o Incenso
Todas as coisas são lançadas no Fogo Mágico. Ele simboliza a consumação final de todas as coisas em Shivadarshana. É a destruição absoluta tanto do Magista quanto do Universo.
O Turíbulo está sobre um pequeno altar. “Meu Altar é de latão rendado; queimai sobre ele em prata ou ouro”. Este altar está no Oriente, como que para simbolizar a identidade de Esperança e Aniquilação. Este latão contém os metais de Júpiter e Vênus fundidos em uma liga harmoniosa. Isto é, então, simbólico do amor divino, e é “rendado” porque este amor não está fechado em direção ou extensão; não é particularizado, é universal.
Sobre este altar está o Incensário propriamente dito; têm três pernas, simbólicas do fogo.
Seu bojo é um hemisfério, e apoiado nas bordas está uma placa peneirada de buracos. Este incensário é de prata ou ouro, porque esses são chamados metais perfeitos; é sobre perfeição que o imperfeito é queimado. Sobre esta placa queima um grande fogo de carvão, impregnado com nitro. Este carvão é (como os químicos estão começando a perceber) o definitivo elemento proteico: absolutamente negro, porque absorve toda luz; infusível pela aplicação de qualquer calor conhecido; o mais leve dos elementos que ocorrem na natureza em estado sólido; e o constituinte essencial de todas as formas de vida conhecidas.
Foi tratado com nitro, cujo potássio em flama violeta de Júpiter, o pai de todos; cujo nitrogênio é aquele elemento inerte que, por apropriada combinação, se torna um constituinte na maior parte dos explosivos conhecidos; e oxigênio, o alimento do fogo. Este fogo é soprado pelo Magista; este braseiro de destruição foi aceso pela sua palavra e pela sua vontade.
Neste fogo ele joga o Incenso, simbólico de oração, o veículo grosseiro ou imagem de sua aspiração. Devido à imperfeição desta imagem, nós obtemos mera fumaça em vez de perfeita combustão. Mas nós não podemos usar explosivos em vez de incenso, porque não seria verdade. Nossa oração é a expressão do mais baixo aspirando ao mais alto está sem a clara visão do mais alto, não compreende o que é que o mais alto deseja. E Não importa quão doce é o seu aroma, é sempre nublada.
Nesta fumaças urgem visões. Nós buscamos a luz, e vede, o Templo escurece. Na escuridão esta fumaça parece assumir estranhas formas, e podemos ouvir o grito das bestas. Quanto mais densa a fumaça, mais escuro torna-se o Universo. Nós exclamamos e trememos ante as coisas imundas e as abominações que evocamos.
Imagem: Incensório
O Incensório (modelo patenteado por Crowley).
No entanto não podemos trabalhar sem Incenso. A não ser que nossa aspiração tome forma, ela seria incapaz de influenciar forma. Isto também é o mistério da encarnação.
A base deste Incenso é resina de Olíbano, o Sacrifício da Vontade humana do coração. Este Olíbano foi misturado com metade do seu peso de Estoraque, os desejos terrenos, escuros, doces e pegajosos; e este novamente com metade do seu peso de madeira de Aloés que simboliza Sagitário, a Flecha, e assim representa a aspiração em si; é a flecha que atravessa o arco-íris. Esta flecha é “Temperança” no Tarô, é uma vida igualmente equilibrada e reta que torna nosso trabalho possível; no entanto esta vida deve, ela mesma, ser sacrificada.
Na combustão destas coisas surgem em nossa imaginação estes aterradores ou tentadores que habitam o “Plano Astral”, esta fumaça representa o Plano Astral, que jaz entre o material e o espiritual. Podemos agora devotar alguma atenção à consideração deste “plano”, a respeito do qual já foi escrita uma grande quantidade de tolices.
Quando um homem fecha seus olhos e começa a olhar em sua volta, no começo não vê nada senão escuridão. Se ele continua tentando penetrar a penumbra, um novo par de olhos gradualmente se abre.
Certas pessoas pensam que estes são os olhos da imaginação. Aqueles com mais experiência compreendem que isto verdadeiramente representa coisas vistas; se bem que aquelas coisas são, em si mesmas, totalmente falsas.
A princípio o vidente perceberá uma penumbra cinzenta; em experimentos subsequentes talvez figuras apareçam com a quais o vidente pode conversar, e sob cuja orientação ele poderá viajar. Este “plano” sendo tão grande e tão variado quanto o Universo material, não podemos descrevê-lo efetivamente; devemos referir o leitor a Liber O e ao Equinox I:2, pp. 295 a 334.
Este “Plano Astral” foi descrito por Homero na Odisseia. Aí estão Polifemos e os Læstrigos, aí estão Calípso e as Sereias. Aí, também, estão aquelas coisas que muitos têm imaginado serem os “espíritos” dos mortos. Se o estudante alguma vez toma qualquer dessas coisas por verdade, ele deve adorá-la, desde que toda verdade merece adoração. Em tal caso, ele está perdido; o fantasma terá poder sobre ele e dessa forma haverá uma obsessão.
Enquanto uma ideia está sendo examinada você está livre dela. Não faz mal que um homem experimente fumar ópio, ou comer nozes; mas no instante em que ele para de examinar e começa a agir por hábito e sem reflexão, ele está em perigo. Todos nós comemos demais, porque gente uniformizada e obsequiosa tem sempre aparecido cinco vezes por dia com provisões para seis meses, e dava menos trabalho comer e acabar com o negócio do que nós perguntarmos se tínhamos fome. Se você prepara a sua própria comida, você depressa verificará que você não prepara nem mais nem menos do que você quer; e a saúde volta. Se, no entanto, você vai ao outro extremo, e não pensa em nada senão em dieta, quase certamente você contrairá aquela típica forma de melancolia, em que o paciente está convencido de que o mundo inteiro está em liga para envenená-lo. O professor Scheinhound demonstrou que carne de boi causa gota; o professor Naschitoff provou que o Leite causa tuberculose. Sir Ruffon Wratts nos diz que comer repolho causa velhice. Pouco a pouco você chega àquele estado de que Mr. Heiward Carrington se gaba: a única coisa que você come é chocolate, e você mastiga chocolate incessantemente, mesmo em seus sonhos. No entanto, tão cedo o ingere acorda para a terrível verdade por Guterbock O. Hosenscheis ser, Quarta Avenida, Grand Rapids USA, de que o chocolate é a causa da prisão de ventre, e a prisão de ventre causa câncer, e você passa a extrair de si por meio de um clister que lançaria um camelo em convulsões.
Semelhante loucura ataca até mesmo verdadeiros cientistas. Metchnikoff estudou as doenças do intestino grosso até não poder ver outra coisa, e então calmamente propôs cortar o intestino grosso de todo mundo, apontando que o abutre (que não tem intestino grosso) é uma ave de grande longevidade.
Mas a longevidade do abutre deve-se ao seu pescoço retorcido, e muita gente pensa tenciona experimentar com o Prof. Metchnikoff.
Porém, os piores de todos os fantasmas são as ideias morais e as ideias religiosas. A sanidade consiste na faculdade de ajustar ideias em devida proporção. Qualquer pessoa que aceita uma verdade moral ou religiosa sem compreensão é mantida fora do manicômio somente porque não relaciona logicamente partindo das premissas. Se pessoas acreditassem no Cristianismo, se pessoas realmente cressem que a maioria da humanidade está condenada a punição eterna, pessoas correriam sem parar tentando “salvar” os outros. Não seria possível dormir até que o horror da mente deixasse o corpo exausto. De outra forma, seríamos moralmente insanos. Quem entre nós pode dormir se alguém que amamos está em perigo mortal? Nós não podemos sequer ver um cão se afogando sem pelo menos parar o que estamos fazendo para olhar. Quem poderia então viver em Londres e refletir sobre o fato que a população inteira, com exceção de uns mil irmãos de Plymouth, está condenada? No entanto, os mil irmãos de Plymouth (que são mais insistentes em proclamar que serão os únicos a serem salvos) parecem passar muito bem obrigado. Se eles são hipócritas ou moralmente loucos, isto é um assunto que podemos deixar à consciência deles mesmos.
Todos estes fantasmas, de qualquer natureza, devem ser evocados, examinados e dominados; outrossim, percebemos que juntamente quando precisamos dela há alguma com a qual jamais lidamos; e talvez aquela ideia, pulando sobre nós de surpresa, e como se fosse por detrás, nos estrangule. Esta é a lenda do feiticeiro estrangulado pelo Diabo.
Glossário
SOMENTE as palavras que não foram explicadas em nenhum lugar nas páginas anteriores são apresentadas nesta lista. Vários outras, mencionadas de passagem na primeira parte do livro, são suficientemente tratadas mais adiante. Nestes casos, as referências no Índice devem ser verificadas acima.
A∴A∴
A Grande Fraternidade Branca que está dando este Método de Consecução ao mundo. Ver Equinox I.
Adeptus Minor.
Um grau de adeptado. Ver Equinox III.
Aethyrs.
Ver V e VII Equinox.
Aima.
A Grande Mãe Natureza Fértil.
Ama.
A Grande Mãe ainda infértil.
Amoun.
O Deus Amon = Zeus = Júpiter, etc, etc
Ankh.
O Símbolo da “Vida”. Uma forma de Rosa-Cruz. Ver Equinox III.
Apófis.
O Deus-Serpente que matou Osíris. Ver Equinox III.
Babalon, Nossa Senhora.
Ver Equinox V, A Visão e a Voz, 14º Aethyr.
Bebê do Abismo.
Ver Equinox VIII, Templo de Salomão.
Bhagavad Gita.
Hino temeroso da Índia, traduzido por Sir Edwin Arnold em “Canção Celestial”.
Binah.
Entendimento, a 3ª “emanação” do Absoluto.
Cabala.
Ver“The tradition of secret wisdom of the Hebrews”, Equinox V.
Caduceu.
A Baqueta de Mercúrio. Ver Equinox II e III.
Caminhos.
Ver 777, e Equinox II, e alhures.
Chela.
Pupilo.
Chesed.
Misericórdia, a 4ª “emanação” do Absoluto.
Chokmah.
Sabedoria, a 2ª “emanação” do Absoluto.
Choronzon
Ver Equinox V, A Visão e a Voz, 10º Aethyr.
Cidade das Pirâmides.
Ver Equinox V, A Visão e a Voz, 14º Aethyr.
Crux Ansata.
Igual a Ankh, q.v.
Daath.
O Conhecimento, a criança de Chokmah e Binah, num certo sentido; noutro, o lar de Choronzon.
Dhammapada.
Um livro sagrado budista.
Reis Elementais.
Ver 777.
Geburah.
Força, a 5ª “emanação” do Absoluto.
Gunas.
Três princípios. Ver Bhagadvad Gita, 777, etc
Guru.
Professor.
Hadit.
Ver “Liber Legis”, Equinox VII. Também “Liber 555”.
Hathayoga Pradipika.
Um livro sobre treinamento físico para fins espirituais.
Hod.
Esplendor, a 8ª “emanação” do Absoluto.
Kamma.
Dialeto de Karma, q.v.
Karma.
“Aquilo que foi feito”, “A lei de causa e efeito”. Ver “Ciência e Budismo,” Crowley, Coll. Works, Vol. II.
Kether.
A Coroa, a 1ª “emanação” do Absoluto.
Lao Tsé.
Grande instrutor chinês, fundador dos taoístas. Ver Tao Teh “K”ing.
Liber Legis.
Ver Equinox VII para a reprodução fac-símile do manuscrito.
Lingam.
A Unidade ou o Princípio Masculino. Mas estes têm muitos símbolos, por exemplo, às vezes Yoni é 0 ou 3 e Lingam 2.
Lingam-Yoni.
Uma forma da Rosa-Cruz.
Macrocosmo.
O grande Universo, do qual o homem é uma imagem exata.
Magus.
Um magista. Tecnicamente, também, um Mestre do grau 9°=2. Ver Equinox VII, “Liber I”, e em outros lugares.
Mahalingam.
Ver Lingam. Maha significa grande.
Maha Sattipatthana.
Um modo de meditação. Ver “Ciência e Budismo,” Crowley, Coll. Works, Vol. II, para uma descrição completa.
Malkah.
Uma jovem. A “noiva”. A alma não redimida.
Malkuth.
“O reino”, a 10ª “emanação” do Absoluto.
Mantrayoga.
Uma prática para atingir a união com Deus através da repetição de uma frase sagrada.
Mestre do Templo.
Alguém do grau 8°=3. Completamente discutido no Equinox.
Microcosmo.
O Homem, considerado como uma imagem exata do Universo.
Nephesch.
A “alma animal” do homem.
Netzach.
Vitória, a 7ª “emanação” do Absoluto.
Nibbana.
O estado chamado, por falta de um nome melhor, de aniquilação. A meta final.
Nirvana.
Ver Nibbana.
Nuit.
Ver “Liber Legis”.
Perdurabo, Frater.
Ver Equinox IX, “O Templo do Rei Salomão”.
Prana.
Ver “Raja Yoga”.
Qliphoth.
“Cascas” ou demônios. O excremento das ideias.
Ra-Hoor Khuit.
Ver “Liber Legis”.
Ruach.
O intelecto e outras qualidades mentais. Ver 777, etc.
Sahasrara Cakkra.
“O Templo do Rei Salomão”. Ver Equinox IV.
Sammasati.
Ver “The training of the Mind”, Equinox V, e “O Templo de Salomão”, Equinox VIII. Também “Ciência e Budismo”, Crowley Coll. Works, Vol. II
Sankhara.
Ver “Ciência e Budismo”.
Sanna.
Ver “Ciência e Budismo”.
Sephiroth.
Ver “Templo de Salomão”, Equinox V.
Shin.
“Um dente”. Letra hebraica = Sh, corresponde ao Fogo e ao Espírito.
Shiva Sanhita.
Um tratado hindu sobre o treinamento físico para fins espirituais.
Skandhas.
Ver “Ciência e Budismo”.
Tao.
Ver Konx Om Pax, “Thien Tao”, 777, etc
Tao Teh Ching.
O Clássico chinês do Tao.
Tarô.
Ver 777, Equinox III e VIII, etc., etc.
Tau.
Uma “cruz”, a letra hebraica = Th corresponde à “Terra”. Ver 777.
Thaumiel.
Os demônios correspondentes a Kether. Duas forças em conflito.
Teosofista.
Uma pessoa que fala sobre Yoga, e não faz nenhum trabalho.
Thoth.
O deus egípcio da Fala, Magia e Sabedoria.
Tifão.
O destruidor de Osíris.
Tiphereth.
“Beleza” ou “Harmonia”, a 6ª “emanação” do Absoluto.
Udana.
Um dos “nervos” imaginários da pseudo-fisiologia hindu.
Vedana.
Ver “Ciência e Budismo,” Crowley, Coll. Works, Vol. II.
Vesica, Vesica Piscies.
Ver Yoni. A oval formada pela intersecção dos círculos em Euclides I, 1.
Virakam, Soror.
Uma chela de Frater Perdurabo.
Vrittis.
“Impressões”.
Yesod.
“Fundação”, a nona “emanação” do Absoluto.
Yogi.
Aquele que procura atingir a “União” (com Deus). A palavra hindu que corresponde à palavra maometana Fakir.
Yoni.
A Díade, ou Princípio Feminino. Ver Lingam.
Zohar.
Esplendor, uma coleção de livros sobre a Cabala. Ver “O Templo do Rei Salomão”, Equinox V.
Traduzido por Frater Adjuvo (Marcelo Ramos Motta).
Thelema
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