Capítulo IV: A Fórmula de ALHIM e ALIM
Magick em Teoria e Prática
Alhim (אלהים ‒ Elohim) é a palavra exotérica para “Deuses”. É o masculino plural de um substantivo feminino, mas sua natureza é principalmente feminina. É um perfeito hieróglifo do número 5. Isto deveria ser estudado em “Uma Nota sobre o Gênesis”.
Os elementos estão todos representados, como um Tetragrammaton, mas não há desenvolvimento de um para outro. Eles estão, por assim dizer, misturados – indisciplinados, simpatizando uns com os outros apenas em virtude de sua energia selvagem e tempestuosa, mas elasticamente sem resistência. A letra central é He (ה) – a letra do alento – e representa o Espírito. A primeira letra, Aleph (א), é a letra natural do Ar, o Mem final (ם) é a letra natural da Água. Juntos, Aleph e Mem fazem AM (אם) – a Mãe dentro de cujo útero o Cosmo é concebido. Mas Yod (י) não é a letra natural do Fogo. Sua justaposição com He (ה) santifica aquele Fogo ao Yod (י) de Tetragrammaton. Similarmente, nós vemos Lamed (ל) correspondendo a Terra, onde deveríamos esperar Tau – a fim de dar ênfase à influência de Vênus, que rege Libra.
Alhim, portanto, representa melhor uma Fórmula de consagração que uma cerimônia completa. É o alento da bendição; mas tão potente que pode dar vida ao barro e luz à escuridão.
Usada no consagrar de uma arma, Aleph (א) é a força devastadora do raio, o relâmpago que flameja do oriente ao ocidente. É a concessão do poder de controlar o raio de Zeus ou Indra, o Deus do Ar. Lamed (ל) é o Flagelo, a força que impele; e é também a Balança, representando o Amor e a Vontade do Magista. É o cuidado carinhoso que ele outorga ao aperfeiçoamento de seus instrumentos e o equilíbrio daquela ardente força que indica a cerimônia.
Yod (י) é a energia criadora – o poder procriador; e, no entanto, Yod (י) é a solidão e o silêncio do Eremita na qual o Magista se encerrou. Mem (מ) é a letra da Água, e é o Mem final (ם), cujas longas linhas planas sugerem o Mar quieto: ם; não o Mem comum (inicial e mundial) cujo hieróglifo é uma onda מ. E no centro de tudo paira o Espírito, que combina a meiguice do cordeiro com os Chifres do Carneiro Selvagem, e é a letra de Baco ou Cristo.
Quando o Magista acaba de criar seu instrumento e o equilibra de verdade, enchendo-o com raios de sua Vontade, então a arma é posta aparte para descansar; e neste silêncio, há uma verdadeira consagração.
A Fórmula de ALIM
É extremamente interessante comparar com o acima a Fórmula dos Deuses elementais desprovidos do espírito criador. Poder-se-ia supor que, como Alim (אלים) é o masculino plural do substantivo masculino Al (אל), sua Fórmula seria mais viril que a de Alhim (אלהים), que é o masculino plural do substantivo feminino Alh (אלה). Um momento de pesquisa é suficiente para dissipar a ilusão. A palavra “masculino” não tem significado a não ser em relação a algum correlativo feminino.
A palavra Alim, de fato, pode ser considerada como neutra. Por uma convenção decididamente absurda, objetos neutros são tratados como se fossem femininos, devido à sua superficial semelhança em passividade e inércia com a fêmea ainda não fertilizada. Mas a fêmea produz vida pela intervenção do macho, enquanto o neutro somente o faz quando impregnado pelo Espírito. Assim nós vemos o feminino Ama se tornar Aima através da operação do Yod (י) fálico enquanto Alim, o congresso dos elementos mortos, apenas dá fruto através da presença do Espírito.
Isto sendo assim, como podemos descrever Alim contendo uma Fórmula Mágica? Investigação desvela o fato que esta Fórmula é de tipo muito especial.
A soma da palavra 81, que é o número da lua. Resulta ser a Fórmula da bruxaria, que está sob Hécate. É apenas a perversão romântica da ciência na época medieval que criou a tradição de que mulheres jovens são bruxas. A bruxaria propriamente dita está restrita a mulheres que já não são mulheres no senso Mágico da palavra, porque não são mais capazes de corresponder à fórmula do macho; e, portanto, são entes neutros, ao invés de femininos. É por este motivo que o método delas tem sempre sido mencionado como o método da lua, no senso do termo em que o globo lunar é considerado não como a contraparte feminina do sol, mas como o satélite apagado da terra, morto, sem ar.
Nenhuma verdadeira operação Mágica pode ser executada pela Fórmula de Alim. Todas as obras da bruxaria são ilusórias; e seus efeitos aparentes dependem da noção de que é possível mudar as coisas pelo aparente mero rearranjo delas. Não devemos depender da falsa analogia dos Xylenes para refutar este argumento. O fato que os isômeros geométricos agem de diferentes formas para com as substâncias com as quais eles são postos em relação. E está claro que algumas vezes é necessário rearranjar os elementos de uma molécula antes que ela possa formar, quer o elemento masculino, quer o feminino em uma verdadeira combinação Mágica com alguma outra molécula.
Portanto é ocasionalmente inevitável que um Magista tenha que reorganizar a estrutura de certos elementos antes de poder iniciar a sua operação propriamente dita. Se bem que tal trabalho é tecnicamente bruxaria, não deve ser considerado indesejável por este único motivo, pois todas as operações que não transmutam matéria caem, estritamente falando, sob esta classificação.
A verdadeira objeção a esta Fórmula não é inerente em sua própria natureza. Bruxaria consiste em tratá-la como a única preocupação com a Magick, e especialmente em negar ao Espírito Santo o direito de entrar no seu Templo.
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